Petrobras supera R$ 30 com defesa de privatização e venda de ativos

Avanço do plano de desinvestimento e volta do debate sobre privatização impulsionam ação PN da estatal na Bolsa

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São Paulo — A principal ação da Petrobras superou a barreira psicológica dos R$ 30 na abertura dos negócios da B3 desta quinta-feira (14), o que não acontecia desde janeiro deste ano. O papel PN (PETR4) atingiu uma cotação máxima de R$ 30,22, alta de 1,99%, em meio à volta do debate sobre a privatização da estatal em Brasília e às apostas na redução de sua dívida com a venda de ativos em negociações com consórcios privados.

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A expectativa de vendas de ativos para reduzir endividamento, às vésperas da divulgação do seu balanço do terceiro trimestre no próximo dia 28, anima os investidores. Hoje (14), a estatal informou que recebeu uma oferta bilionária pelos campos de produção terrestres, localizados na Bacia do Recôncavo e Tucano, no estado da Bahia, denominados conjuntamente de Polo Bahia Terra.

“O consórcio formado pela Aguila Energia e Participações Ltda e pela Infra Construtora e Serviços Ltda apresentou a melhor proposta, em valor superior a US$ 1,5 bilhão, tendo a diretoria executiva da companhia aprovado o início da fase de negociação”, disse a petroleira, em comunicado.

O mercado também aguarda a venda dos campos de Albacora e Albacora Leste, na Bacia de Campos. As ofertas, que podem superar US$ 4 bilhões para ambos os campos, foram feitas pelos consórcios PetroRio/Cobra e EIG Global Energies Partners/Enauta/3R Petroleum.

Privatização

Aliada à valorização recente do preço do barril do petróleo, a recuperação da ação PN da Petrobras também é favorecida pelo retorno das discussões políticas sobre a privatização da petroleira.

Na manhã de hoje, o presidente Jair Bolsonaro voltou a tocar no assunto, durante entrevista a uma rádio evangélica de Recife (PE). “É muito fácil: aumentou a gasolina, culpa do Bolsonaro. Já tenho vontade de privatizar a Petrobras. Tenho vontade. Vou ver com a equipe econômica o que a gente pode fazer. Não posso controlar, melhor direcionar o preço, mas, quando aumenta, a culpa é minha apesar de ter zerado imposto federal”, disse ele, segundo agências.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, também explorou, ontem, o assunto, e questionou se não seria o caso de privatizar a Petrobras. “Há uma política que tem que ser revista, porque hoje ela não é pública nem é privada completamente. Só escolhe os melhores caminhos para performar recursos e distribuir dividendos. Então não seria o caso de privatizar a Petrobras? É hora de discutir qual é a função da Petrobras no país? É distribuir dividendos?”, afirmou em entrevista à CNN Brasil.

O retorno das discussões sobre a privatização da Petrobras, que foi um dos destaques durante a campanha presidencial de Bolsonaro, ocorre no momento em que o governo federal é pressionado com queda de popularidade devido ao impacto dos frequentes reajustes nos preços dos combustíveis, principalmente gasolina, diesel e gás de cozinha, nos índices de inflação e nos custos de empresas e famílias, limitando a recuperação da renda no segundo ano da pandemia da Covid-19. A ala militar do governo Bolsonaro tem se posicionado contra a privatização da estatal por seu papel estratégico no setor de petróleo e gás.