Bloomberg — Os preços dos metais básicos dispararam liderados pelo zinco, que atingiu o nível mais alto desde 2007, depois que fundições europeias se tornaram as novas vítimas da crise global de energia que interrompe o fornecimento e aumenta a pressão sobre fabricantes.
O zinco chegou a subir 6,9% na Bolsa de Metais de Londres, e um indicador de seis metais industriais fechou em nível recorde. O alumínio, uma das commodities mais intensivas em energia, está no patamar mais alto desde 2008. O cobre está mais perto da marca de US$ 10.000 a tonelada, e os spreads apontam para um mercado muito mais apertado - os contratos do cobre à vista são negociados com o maior prêmio em relação aos futuros em quase uma década em meio aos estoques globais mais baixos.
Os cortes de oferta de metais se espalham da China à Europa à medida que a escassez de energia aumenta os custos da eletricidade e do gás natural, o que pode acelerar a pressão inflacionária devido aos maiores preços das commodities. O último grande catalisador chegou na quarta-feira, quando a Nyrstar - uma das maiores produtoras de zinco - disse que vai reduzir a produção em três fundições europeias em até 50% diante dos preços elevados da energia e dos custos associados às emissões de carbono.
Até agora a crise de energia teve um impacto desproporcional sobre a oferta, mas a preocupação no lado da demanda também cresce rapidamente, já que fabricantes enfrentam um aumento simultâneo dos preços das matérias-primas. O índice à vista CRB BLS U.S. de commodities industriais atingiu máxima histórica na quarta-feira, refletindo a alta dos preços de matérias-primas como couro, sebo e sucat de metais que não são negociados nas bolsas de futuros.
A pressão na China é particularmente evidente, onde os preços ao produtor subiram no ritmo mais rápido em quase 26 anos em setembro. Essa aceleração dos preços poderia facilmente se espalhar para outras economias, considerando o papel do país como o maior exportador do mundo.
“É a vez do zinco”, pois a crise energética cria paralisações em grande escala ou cortes de produção nas fundições, disse Jia Zheng, operadora da Shanghai Dongwu Jiuying Investment Management. Os cortes de energia também atingem as principais províncias produtoras de zinco da China, disse. Algumas fundições chinesas já reduziram a produção por causa da escassez de energia provocada pelos preços recordes do carvão.
Os preços podem permanecer elevados enquanto a crise energética continuar a impactar o mercado de metais, disse a consultoria Shanghai Metals Market em relatório na quinta-feira. Já se esperava que o superávit no mercado global de zinco encolhesse no próximo ano antes dos últimos cortes, de acordo com o International Lead and Zinc Study Group.
Nos mercados de ferrosos, os futuros do minério de ferro se recuperaram após perdas nos últimos dois dias. O contrato na China ainda está perto de uma baixa semanal de cerca de 2% sob o impacto de novas restrições à produção de aço até o início de 2022, que devem afetar o consumo.
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