Bom dia! Este é o Breakfast, uma newsletter diária da Bloomberg Línea.
A inflação ao consumidor nos Estados Unidos, acima das expectativas dos analistas, traz a constatação de que seguiremos falando deste tema por algum tempo. O ceticismo de que a inflação seja pontual e transitória leva o mercado a especular que os bancos centrais não terão outra saída que subir as taxas de juros para controlar os preços.
Duas expectativas estão em evidência nas últimas operações no mercado financeiro: 1) a que os bancos centrais mundiais se valerão de políticas monetárias mais agressivas no controle de preços, como a alta de juros, e 2) a temporada de balanços financeiros. Ontem, o JPMorgan Chase apresentou os melhores resultados trimestrais deste ano, alcançando o que está a caminho de ser um ano recorde na área de fusões e aquisições.
Nos primeiros negócios desta manhã, as bolsas europeias e os negócios com futuros de índices nos EUA exibiam alta. Apesar disso, é importante destacar que os investidores começam a olhar opções mais defensivas contra a inflação, como o ouro, que ontem registrou seu maior rendimento desde março.
Ontem, todos os olhos estavam voltados aos preços ao consumidor nos EUA, que subiram 0,4% em setembro, contra uma projeção de 0,3% dos analistas. Trata-se da quinta vez nos últimos sete meses que o indicador supera a estimativa média da Bloomberg. Contudo, o núcleo da inflação ficou em linha com as estimativas, alcançando 0,2% no mês, o que deu certo alento ao mercado.
- A maior pressão veio dos alimentos (+0,93%), no maior aumento mensal desde abril de 2020. Mas chamaram a atenção os preços relacionados à moradia, apontados como potencialmente capazes de exercer uma pressão mais duradoura sobre a inflação. Depois de estudar os dados de inflação dos EUA e também as atas do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), alguns analistas cogitaram a possibilidade de que haja quatro aumentos das taxas de juros norte-americanas até o final de 2023.
E por que uma alta dos juros?
- Quando a inflação está em alta, uma das fórmulas clássicas de política monetária é aumentar o custo do dinheiro – em outras palavras, subir os juros básicos da economia.
- Com juros mais altos, os investimentos em renda fixa ficam mais atrativos, o que leva as pessoas a pouparem, em vez de consumir.
- O custo do crédito também fica mais alto, o que incita a menos gastos.
- Porém, os bancos centrais têm de dosar muito bem esta fórmula para não esfriar o ritmo de crescimento de suas economias, sobretudo em tempos pandêmicos. Outros elementos que tornam essa calibragem ainda mais difícil são os últimos avanços dos preços das commodities de energia e os gargalos na cadeia de abastecimento.
EM TEMPO: Nas atas das reuniões de setembro do FOMC, divulgadas ontem, membros do Fed sinalizaram que estavam perto de começar a reduzir seus US$ 120 bilhões em compras mensais de ativos. A diminuição de estímulos deveria começar em novembro, com reduções mensais de US$ 10 bilhões no ritmo de recompra de bônus do Tesouro.
Agenda do dia
- No Brasil: Dados de crescimento do setor de serviços de agosto (9h00)
- Pedidos iniciais de seguro desemprego nos EUA e IPP (9h30), previstos para hoje
- Discursos de dirigentes do Federal Reserve 11h00 e 14h00
- Índices de preços ao consumidor e ao produtor da China hoje
- Bank of America Corp., Morgan Stanley e Citigroup Inc. informam seus resultados financeiros hoje
- Os EUA divulgam suas vendas ao varejo, estoques comerciais dos EUA e sentimento do consumidor da Universidade de Michigan (sexta-feira)
- Goldman Sachs Group Inc. informa os ganhos na sexta-feira
Enquanto você dormia
O Brasil ultrapassou hoje a marca de 100 milhões de pessoas com esquema vacinal completo contra a Covid-19, com duas doses dos imunizantes ou com a dose única, o que representa 62,5% do público-alvo. Conforme o Ministério da Saúde, a expectativa é de que o número avance até o fim do mês, com as previsões de entregas de novas doses por parte dos fabricantes.
A previsão é de que sejam entregues mais 51,5 milhões de doses de vacina Covid-19 até o fim de outubro, conforme a pasta: 15,3 milhões da AstraZeneca e 36,1 milhões do imunizante da Pfizer.
Importante saber
- O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta que o Fundo Monetário Internacional (FMI) provavelmente errará mais uma vez a estimativa do crescimento do Brasil em 2022, de expansão de 1,5%. Segundo o ministro, o crescimento do PIB será “praticamente o dobro” do estimado.
- O banco central de Chile surpreendeu os economistas com um aumento na taxa de juros maior do que o esperado na segunda reunião consecutiva e sinalizou que removerá o estímulo ainda mais rápido à medida que as expectativas de inflação disparam acima da meta.
- Bill Gates, cuja fundação concentrou esforços para combater a pandemia do coronavírus, disse na quarta-feira (13), que os líderes de governo e da indústria em todo o mundo precisam “levar a sério” o aumento da capacidade de fabricação de vacinas para que possam responder mais rapidamente no futuro.
- A pandemia impactou diretamente como as empresas administram seus fluxos de pagamentos e, diferentemente do que ocorreu na Europa, fez com que houvesse uma rolagem de dívidas. Pela primeira vez realizada no Brasil, uma pesquisa feita pela Intrum, líder no mercado de cobrança e gestão de crédito, mostra que 49% das companhias consultadas decidiram buscar a renegociação de suas dívidas com diferentes credores, sendo 25% de dívidas bancárias e 24% com fornecedores.
Destaques da Bloomberg Línea
- Ação da Petrobras mira casa dos R$ 30, inédito desde janeiro
- Empresas rolam dívidas e Brasil pode viver crise de inadimplência em 2022
- Delta adverte sobre aumento de combustível, inibindo recuperação dos lucros
- Vacina usada não explica diferença em total de mortes por Covid
- UE oferecerá concessões a britânicos antes de rodada do Brexit
Opinião Bloomberg
As margens de lucro estão mais para arte do que para ciência nesta temporada de balanços. Vamos ver se os investidores apreciam Picasso. Desde o setor de bens de consumo até a indústria manufatureira, praticamente todas as linhas dos demonstrativos financeiros estão passando por um certo grau de estresse. Nos últimos meses, matérias-primas, mão de obra e frete tornaram-se significativamente mais caros e difíceis de obter. Na luta para acompanhar a demanda, as empresas estão tendo que ser criativas - na forma como atendem aos pedidos, quanto cobram por seus produtos e onde cortam gastos.
Pra não ficar de fora
O chefe da maior processadora de carne da Europa disse que a carne de bife se tornará um luxo como o champanhe devido ao impacto climático de sua produção.
- “A carne bovina não será ecologicamente correta em termos de clima”, disse o CEO da Danish Crown, Jais Valeur, em uma entrevista ao jornal dinamarquês Berlingske. “Será um produto de luxo que comeremos quando quisermos nos mimar.”
- Valeur disse que a carne de porco seria uma proteína mais amigável em relação ao clima. A Danish Crown é uma das maiores produtoras de carne suína da Europa, embora também atue no mercado de carne bovina.
- As empresas de carne estão sob pressão para reduzir os gases de efeito estufa, com 57% de todas as emissões da indústria de alimentos provenientes da fabricação de produtos de origem animal, de acordo com um estudo. Lidar com as emissões de metano da pecuária é um dos desafios climáticos mais críticos para os produtores.
- Um grupo de três organizações sem fins lucrativos na Dinamarca está processando a Danish Crown por supostamente deturpar sua pegada climática em uma campanha de marketing que diz que a produção de carne suína é “mais amiga do clima do que você pensa”. A companhia disse que não se trata de propaganda enganosa.