Bloomberg — Os preços de fábrica na China subiram no ritmo mais rápido em quase 26 anos em setembro, o que deve aumentar a pressão sobre a inflação global se empresas chinesas começarem a repassar os custos mais altos aos consumidores.
O índice de preços ao produtor avançou 10,7% em relação ao ano anterior, acima das previsões e atingindo o maior nível desde novembro de 1995, puxado pelos custos do carvão e de outras commodities, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas divulgados na quinta-feira.
Ainda há poucas evidências de que as fábricas de bens de consumo estão repassando os custos mais elevados dos insumos para clientes, já que os preços ao consumidor subiram em ritmo mais lento, com alta de 0,7% no mês passado. No entanto, isso pode mudar se os lucros dos produtores encolherem e com preços mais altos da eletricidade devido à crise de energia na China.
“A maior diferença entre o IPP e o IPC resulta em maior pressão para setores upstream repassarem os custos crescentes para o downstream”, disse Bruce Pang, chefe de pesquisa macro e estratégia da China Renaissance Securities Hong Kong.
O presidente do Banco Popular da China, Yi Gang, disse em fórum do G20 que a inflação chinesa é “moderada”, segundo comunicado publicado no site do banco central na quinta-feira. Ele reiterou que a política monetária seria flexível, direcionada, razoável e apropriada.
Pressão global
Países da América Latina à Europa têm registrado inflação ao consumidor mais alta do que o normal este ano. Na quarta-feira, dados nos Estados Unidos mostraram que os preços ao consumidor aumentaram 5,4% em setembro em relação ao ano anterior, embora o Federal Reserve insista que a maior parte da pressão sobre os preços é um efeito transitório de uma economia global emergindo da pandemia.
Como maior exportador do mundo, os preços chineses são outro fator de risco para o cenário de inflação global. No entanto, economistas geralmente avaliam que a influência é moderada, porque as cestas de produtos que os países usam para calcular os preços ao consumidor tendem a incluir mais serviços produzidos localmente do que bens de consumo da China. Uma pesquisa da Standard Chartered identificou apenas um grau moderado de correlação entre o IPC da China e os preços ao consumidor dos EUA nos últimos anos.
“Os setores downstream continuam a engolir custos de insumos mais altos, já que a demanda permanece fraca”, disse Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico do Natixis, em post no Twitter. “O mundo não importará inflação da China tão cedo.”
A diferença entre a inflação ao produtor e ao consumidor da China aumentou em setembro para 10 pontos percentuais em relação a 8,7 pontos em agosto, o maior nível desde 1993.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
Mercados internacionais operam no positivo, mas inflação continua na mira
©2021 Bloomberg L.P.