COP26: Biden vai à cúpula do clima enfraquecido por batalha interna

Credibilidade americana sobre o clima é vista com ceticismo, com persistente desconfiança desde a retirada do país do Protocolo de Kyoto em 2001, um dos primeiros acordos climáticos apoiados pelas Nações Unidas

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante um Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima
Por Jennifer A. Dlouhy e Justin Sink
14 de Outubro, 2021 | 06:29 PM

Bloomberg — Joe Biden apoiou a ação climática como nenhum outro presidente dos Estados Unidos, com promessas de cortar rapidamente o carbono das redes de energia e migrar para carros elétricos. Isso colocaria - potencialmente - o país responsável por mais de 25% dos gases de efeito estufa à beira de uma drástica descarbonização.

Mas os negociadores norte-americanos que chegam a Glasgow para a COP26 talvez não tenham quase nada para mostrar além de promessas de ação. Um valor inicial de US$ 2,5 bilhões em financiamento para ajudar países pobres a combater a mudança climática, um dos objetivos mais importantes das negociações deste ano, dificilmente será aprovado pelo Congresso no início da cúpula. Pode haver poucas evidências tangíveis no cenário global para provar que Biden pode liderar o caminho a seguir.

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Em casa, outras iniciativas ainda não parecem muito mais verdes. As regulamentações federais para reduzir as emissões de automóveis, poços de petróleo e usinas de energia caminham lentamente. E parlamentares ainda estão deliberando sobre a chamada legislação de reconciliação orçamentária que destinaria centenas de bilhões de dólares para estimular a energia renovável, impulsionar o transporte limpo e livrar os serviços públicos dos combustíveis fósseis.

“O jogo realmente depende desse projeto de reconciliação”, diz John Podesta, que atuou como conselheiro sênior do ex-presidente Barack Obama. “Se ele vier de mãos vazias”, acrescenta, “vai com uma mão muito fraca para Glasgow”.

É um cenário nada invejável para Biden. O presidente americano já luta para superar um déficit de confiança criado pelo ex-presidente Donald Trump, que se retirou do Acordo de Paris e desmantelou políticas que poderiam ter proporcionado cortes de emissões prometidos. E a credibilidade dos EUA sobre o clima há muito é vista com ceticismo, com persistente desconfiança desde a retirada do país do Protocolo de Kyoto em 2001, um dos primeiros acordos climáticos apoiados pelas Nações Unidas.

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John Kerry: acordos diplomáticos para levar à COP26

“Não podemos ser a-históricos aqui. Os EUA têm muito que fazer”, diz Rachel Cleetus, diretora de política climática e energia da Union of Concerned Scientists. “Não é suficiente apenas fazer o seu melhor e aparecer. Realmente temos que mostrar que nosso melhor é confiável e então cumprir as promessas que fazemos.”

Biden e seu enviado presidencial especial para o clima, John Kerry, passaram meses apoiando as promessas dos EUA e buscando acordos diplomáticos para levar à COP26. O compromisso inicial de Biden em abril de gastar cerca de US$ 5,7 bilhões anualmente em financiamento climático foi considerado uma demonstração insignificante da maior economia do mundo (e segundo maior emissor de gases de efeito estufa). Então, durante a Assembleia Geral da ONU em setembro, prometeu o dobro dessa quantia anualmente até 2024.

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