Consumo dos lares brasileiros volta a cair e é o menor desde janeiro de 2020

Índice da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) cai mais 2,33% em agosto e já registra o terceiro mês consecutivo de queda. Ainda assim, setor se mostra otimista com recuperação

Apesar da queda no consumo, preços da cesta dos produtos mais consumidos no Brasil mantém sua trajetória de alta
14 de Outubro, 2021 | 03:21 PM

São Paulo — Os brasileiros estão consumindo menos em suas casas. É o que aponta a pesquisa mensal da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) referente a agosto. No oitavo mês do ano, o consumo das pessoas em suas residências recuou 2,33% em comparação a julho e registrou uma retração de 1,78% em comparação a agosto do ano passado. Esse foi o terceiro mês consecutivo de queda e é o menor patamar desde janeiro do ano passado.

O índice mede o consumo em todos os tipos de loja, desde o atacarejo, passando pelo e-commerce e hipermercados e chegando até as lojas de bairro. Apesar do terceiro mês seguido de queda, no acumulado de janeiro a agosto o setor ainda acumula crescimento de 3,15% em comparação ao mesmo período do ano passado e a expectativa é que em dezembro, o consumo apresente um crescimento 4,5% em comparação aos resultados do ano passado.

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“Apesar os recuos registrados nos últimos meses, nossas projeções apontam para um crescimento para 2021. Há uma previsão de melhora na economia. Mesmo com o desemprego em alta, esse cenário deve se reverter ao longo do restante do ano”, afirma Márcio Milan, vice-presidente institucional e administrativo da Abras.

O otimismo do setor está baseado na injeção de quase R$ 10 bilhões que deve haver na economia com os novos pagamentos do auxílio emergencial, restituição do imposto de renda e da chegada da primeira parcela do décimo terceiro salário até o fim do ano. Segundo a Abras, o quarto lote de restituição começou a aplicar na economia R$ 5,1 bilhões desde o final de agosto e a quinta parcela deverá injetar outros R$ 562 milhões. Além disso, 14,6 milhões de famílias serão beneficiadas pela sexta parcela do auxílio emergencial com R$ 4,1 bilhões adicionais.

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“Os feriados que tivemos desde o início de setembro também são um período de maior consumo das famílias. Vale lembrar que nesse mesmo período do ano passado a economia ainda estava parada e a vacinação atrasada”, explica Milan. Os feriados que devem mexer com o índice de consumo dos próximos meses são o da Independência, Nossa Senhora Aparecida, Finados, Proclamação da República e Natal, além da Black Friday, em outubro.

Cesta de produtos em alta

Mesmo com o consumo recuando mês a mês, a cesta dos 35 produtos mais consumidos supermercados segue em trajetória de alta, refletindo os índices de inflação. A cesta Abrasmercado de agosto chegou a R$ 675,73, valor 1,07% maior do que o registrado em julho. Vale lembrar que o IPCA de agosto subiu 0,87%, enquanto o IPCA dos alimentos teve alta de 1,39%. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a relação de produtos mais consumidos já está 22,2% mais cara. No acumulado do ano, a cesta de produtos da Abras já tem uma valorização de 6,41%, enquanto o IPCA acumulado de 2021 subiu 5,67% e o IPCA dos alimentos 4,77%.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.