São Paulo — Os brasileiros estão consumindo menos em suas casas. É o que aponta a pesquisa mensal da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) referente a agosto. No oitavo mês do ano, o consumo das pessoas em suas residências recuou 2,33% em comparação a julho e registrou uma retração de 1,78% em comparação a agosto do ano passado. Esse foi o terceiro mês consecutivo de queda e é o menor patamar desde janeiro do ano passado.
O índice mede o consumo em todos os tipos de loja, desde o atacarejo, passando pelo e-commerce e hipermercados e chegando até as lojas de bairro. Apesar do terceiro mês seguido de queda, no acumulado de janeiro a agosto o setor ainda acumula crescimento de 3,15% em comparação ao mesmo período do ano passado e a expectativa é que em dezembro, o consumo apresente um crescimento 4,5% em comparação aos resultados do ano passado.
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“Apesar os recuos registrados nos últimos meses, nossas projeções apontam para um crescimento para 2021. Há uma previsão de melhora na economia. Mesmo com o desemprego em alta, esse cenário deve se reverter ao longo do restante do ano”, afirma Márcio Milan, vice-presidente institucional e administrativo da Abras.
O otimismo do setor está baseado na injeção de quase R$ 10 bilhões que deve haver na economia com os novos pagamentos do auxílio emergencial, restituição do imposto de renda e da chegada da primeira parcela do décimo terceiro salário até o fim do ano. Segundo a Abras, o quarto lote de restituição começou a aplicar na economia R$ 5,1 bilhões desde o final de agosto e a quinta parcela deverá injetar outros R$ 562 milhões. Além disso, 14,6 milhões de famílias serão beneficiadas pela sexta parcela do auxílio emergencial com R$ 4,1 bilhões adicionais.
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“Os feriados que tivemos desde o início de setembro também são um período de maior consumo das famílias. Vale lembrar que nesse mesmo período do ano passado a economia ainda estava parada e a vacinação atrasada”, explica Milan. Os feriados que devem mexer com o índice de consumo dos próximos meses são o da Independência, Nossa Senhora Aparecida, Finados, Proclamação da República e Natal, além da Black Friday, em outubro.
Cesta de produtos em alta
Mesmo com o consumo recuando mês a mês, a cesta dos 35 produtos mais consumidos supermercados segue em trajetória de alta, refletindo os índices de inflação. A cesta Abrasmercado de agosto chegou a R$ 675,73, valor 1,07% maior do que o registrado em julho. Vale lembrar que o IPCA de agosto subiu 0,87%, enquanto o IPCA dos alimentos teve alta de 1,39%. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a relação de produtos mais consumidos já está 22,2% mais cara. No acumulado do ano, a cesta de produtos da Abras já tem uma valorização de 6,41%, enquanto o IPCA acumulado de 2021 subiu 5,67% e o IPCA dos alimentos 4,77%.
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