Gás de cozinha: Arthur Lira culpa “monopólio da Petrobras” por altas

Principal insumo usado por famílias brasileiras acumula alta de mais de 40% este ano e virou um dos vetores da alta da inflação

Presidente da Câmara diz que gás de cozinha virou uma crise no Brasil por culpa do "monopólio" da Petrobras
13 de Outubro, 2021 | 11:41 AM

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), culpou nesta quarta-feira (13) o monopólio da Petrobras sobre o gás de cozinha pelas sucessivas altas no insumo mais utilizado pelas famílias brasileiras para preparar refeições.

Em entrevista à rádio CNN, pertencente à CNN Brasil, Lira disse que o monopólio da estatal sobre o gás de cozinha é responsável pelas sucessivas altas.

“O gás de cozinha é uma crise no Brasil e o monopólio da Petrobras é absurdo neste sentido”, disse ele à rádio.

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Segundo ele, a produção de GLP deveria ser aberta à concorrência, mas ele evitou criticar diretamente a política de preços da estatal – que tem apoio de investidores que pregam a não interferência do governo, o maior acionista, nas definições técnicas da companhia.

Na semana passada, a Petrobras reajustou o gás de cozinha em 7,2%.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: O preço do gás de cozinha tem sido tratado por aliados do presidente Jair Bolsonaro como um problema forte para as pretensões eleitorais dos governistas, já que seu impacto sobre as famílias de renda mais baixa é alto. O produto já subiu mais de 40% este ano, tornando-se um vetor da inflação cujo acumulado em 12 meses (fechado em setembro) alcançou 10,15%.

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Na entrevista à CNN, Lira criticou o monopólio da Petrobras no gás de cozinha, mas descartou qualquer interferência na atual política de preços da companhia, que tem adotado paridade em relação aos preços internacionais do Petróleo.

CONTEXTO: Na semana passada, a Petrobras anunciou um aumento de 7,2% nos preços da gasolina e do gás de cozinha. Com isso, o preço médio passou de R$ 3,60 para R$ 3,86 por kg de GLP, equivalente a R$ 50,15 por botijão de 13kg.

Este é o valor do gás vendido pela Petrobras, mas os impostos estaduais e federais, transportes e lucros de distribuidores e revendedores fazem com que o preço do botijão ao consumidor esteja entre R$ 105 e R$ 130, dependendo da região do país.

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O gás de cozinha tem sido um dos vetores da inflação. O preço do botijão de gás também teve alta de 3,91% em setembro, acumulando 34,67% nos últimos 12 meses. O reajuste da semana passada não foi captado pelo IPCA.

LIRA CULPA O ICMS: Na mesma entrevista, Lira também ecoou o discurso do presidente Jair Bolsonaro, que culpa o ICMS cobrado pelos governos estaduais pelas altas nos preços dos combustíveis.

“Estamos discutindo isso com profundidade desde que o presidente da Petrobras foi convidado ao plenário. Nunca dissemos que o ICMS ‘starta’ o preço, mas é que faz com que ele ‘starte’ os aumentos, é o vilão da história”, afirmou o presidente da Câmara à CNN.

Governadores, por sua vez, dizem que as alíquotas de ICMS se mantêm inalteradas, mas a alta dos preços ao consumidor é causada pela política da Petrobras de reajustar no mercado interno sempre que o preço internacional sobe.

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Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.