São Paulo — A indiana de agroquímicos UPL quer movimentar pelo menos US$ 15 bilhões em créditos de carbono até 2040, com a retirada de 1 gigaton (1 bilhão de toneladas) de carbono da atmosfera no período. Entre 60% e 70% desse valor será revertido em remuneração adicional aos agricultores, que serão os responsáveis pela geração desses créditos, ficando o restante dividido entre custos de certificação, operação e remuneração dos investimentos antecipados nas fases iniciais.
Os créditos serão gerados em 100 milhões de hectares utilizados para agricultura e pecuária no mundo nas próximas duas décadas. A ideia é que essa área passe a adotar uma metodologia de sequestro de carbono desenvolvida pela equipe de cientistas da UPL em parceria com a Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, e que passa nesse momento por um processo de validação e auditoria junto à certificadoras. Desse total, 20 milhões de hectares estão no Brasil.
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“Até 2024 vamos implementar o projeto em 1 milhão de hectares, dos quais 300 mil estarão no Brasil. O restante ficará distribuído entre Estados Unidos, Argentina, Índia e alguns países da Europa. A partir de 2025 o projeto ganha escala global para alcançar 100 milhões até 2040″, afirma Carlos Pellicer, COO Global da UPL.
O começo mais tímido do projeto se deve ao fato de ainda serem necessárias melhorias regulatórias do mercado de carbono. Segundo Pellicer, em países como o Brasil, por exemplo, será necessário criar um sistema em que o governo reconheça os créditos gerados pelo projeto e que exista uma forma para comercialização desses créditos.
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Projeto de Lei
Está em tramitação na Câmara dos Deputados o projeto de lei 528/21, que institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), que vai regular a compra e venda de créditos de carbono no País. O projeto já foi aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços e aguarda agora parecer do relator na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Ainda será necessária aprovação das comissões de finanças e tributação e também constituição, justiça e cidadania, para seguir para o Senado e sanção presidencial.
Futebol abrindo portas
Para acelerar os processos de regulamentação, especialmente junto aos governos, a UPL acertou uma parceria com a Fifa Foundation, braço social da Fifa. A entidade máxima do futebol mundial tem trabalhado para se engajar com temas relacionados ao meio ambiente. Entre algumas das metas está realizar a primeira copa do mundo neutra em carbono no Catar, em 2022.
Ontem (11), o ex-jogador francês Youri Djorkaeff, CEO da Fifa Foundation, e o ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, presidente da entidade, estiveram em São Paulo para o projeto Gigaton Challenge.
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