Bloomberg Línea — A volta ao trabalho presencial ainda divide opiniões, e agora não somente entre os apoiadores do home office e os saudosos pela interação social. A exigência de comprovante de vacinação contra Covid-19 tem aparecido nos protocolos de retorno aos escritórios de algumas empresas, como a agência de publicidade WMcCann (que atende grandes nomes como Coca-Cola, Nestlé e L’oreal), Grupo Globo e a companhia de tecnologia VTEX.
No caso das duas primeiras, o esquema híbrido - com escalas intercaladas entre dias no escritório e outros em casa - é quase mandatório, com algumas poucas exceções que são debatidas individualmente. Já a plataforma de comércio digital, que realizou oferta pública inicial (IPO) em Nova York no fim de julho, deixa o retorno à escolha do funcionário - que deve estar vacinado. “Sem vacina, o colaborador não será autorizado a entrar no escritório”, disse uma representante da companhia à Bloomberg Línea.
Já a agência WMcCann, que tem seu escritório aberto aos funcionários que precisassem, de forma voluntária, desde novembro de 2020, agora irá elevar os critérios. Neste mês, os gestores passarão ao regime híbrido e a empresa passa a ter reuniões presenciais, com vacinação obrigatória. Os demais colaboradores que optarem por usar as dependências da companhia também devem apresentar comprovantes de vacinação, com mais de 15 dias após a segunda dose ou dose única. Já em 16 de novembro, o sistema de intercalar o home office e o escritório será ampliado a quase 70% da equipe.
Conforme a diretora de recursos humanos da WMcCann - que tem 480 colaboradores em escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília -, Paula Molina, “só será permitida a entrada de colaboradores com ciclo vacinal completo e fazendo uso de máscaras”.
“Elaboramos um Protocolo de Saúde e Segurança que deve ser seguido e respeitado por todos, além de ser obrigatório o preenchimento diário de um questionário de saúde que auxilia no Autodiagnóstico da Covid-19″, disse em nota à Bloomberg Línea.
No Grupo Globo, a imunização não só é obrigatória para o retorno presencial, como a “não vacinação poderá resultar em desligamento” conforme comunicação enviada aos colaboradores no início de setembro e confirmada pela companhia à Bloomberg Línea. A companhia de comunicação, que teve mais de 3 mil casos confirmados de Covid, só abre exceções a funcionários que apresentem motivos médicos para a abstenção da vacina.
Já o Google Brasil não tem previsão de retorno aos escritórios por aqui, enquanto suas instalações nos Estados Unidos só devem ter funcionários presencialmente de forma obrigatória a partir de 10 de janeiro de 2022.
No varejo, uma das maiores companhias do ramo, o Magazine Luiza, deixa que os próprios funcionários decidam sobre a imunização. Com mais de 40 mil funcionários no país, o Magalu incentiva e monitora as taxas de vacinação entre seus colaboradores, mas não tornou a medida obrigatória para o trabalho presencial. “Os colaboradores do escritório foram liberados para optar entre continuar no regime de home office, voltar ao presencial ou para um modelo híbrido”, disse a companhia em nota. “No entanto, nos escritórios, existe um protocolo de testagem dos funcionários que optarem por ir até o local.”
O setor bancário, que adotou regras especiais quanto ao funcionamento de agências e escritórios durante a fase mais rígida das medidas contra Covid, agora caminha para o retorno. O Santander, por exemplo, voltou a atender clientes nas agências até às 16h desde o dia 4 deste mês. Na mesma data, o Bradesco extinguiu o rodízio de funcionários e determinou o retorno de toda a força de trabalho, exceto os que fazem parte de grupos de risco para a doença, mas o horário de atendimento a clientes permanece até às 14h00.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo defende que o retorno não poderia ser feito “antes de um maior numero de pessoas fossem completamente imunizadas e com todos os cuidados necessários”.
Enquanto isso, no exterior, as instituições financeiras definem seus planos de retorno presencial de acordo com a vacinação nos locais dos escritórios. A BlackRock, maior administradora de ativos do mundo, comunicou aos funcionários que mais da metade da empresa deverá trabalhar no escritório pelo menos três dias por semana a partir de 1º de novembro. A companhia, com US$ 9,5 trilhões de ativos sob gestão até o meio do ano, pediu anteriormente aos funcionários que retornassem ao escritório no início de outubro, mas retrocedeu no cronograma no início de setembro, dizendo que a disseminação da variante delta exigia mais flexibilidade. A empresa disse que todos os trabalhadores que entrarem nos escritórios dos EUA precisarão estar totalmente vacinados e serão testados todas as semanas.
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