Bloomberg — Investidores em busca de retorno irão encontrá-lo nos títulos em moeda local de mercados emergentes no próximo ano, quando o pânico sobre os preços da energia diminuir, de acordo com UBS e Schroders.
Segundo estrategistas, os mercados emergentes são um segmento da renda fixa que devem mostrar melhor desempenho em relação ao resto. Governos da Polônia à Indonésia reduziram as emissões, e alguns assumiram a liderança no aperto da política monetária para combater a inflação.
As necessidades de financiamento dos países diminuíram em meio ao aumento da receita fiscal e do crescimento econômico. Mas os governos também estão relutantes em assumir dívidas a juros mais altos em meio às expectativas de que a redução gradual do estímulo pelo Federal Reserve afete ainda mais o apetite por risco, como títulos de mercados emergentes em moeda local, assim como o equivalente a US$ 3,3 trilhões de dívida local prestes a vencer.
“Provavelmente estamos a alguns trimestres de distância, mas o impacto cumulativo dos aumentos dos juros sobre o crescimento e a inflação, combinado com menos emissões depois que o pico de energia ficar para trás, reduziria os yields locais”, disse James Barrineau, chefe de dívida de mercados emergentes da Schroders, em Nova York. “Os juros locais, especialmente na ponta longa das curvas, oferecem um valor muito bom em comparação com as alternativas do mercado desenvolvido” e esperamos ver demanda dos investidores no próximo ano.
Em 4,22%, o rendimento médio da dívida de mercados emergentes em moeda local - o maior nível desde agosto de 2019 - é mais que o dobro do yield de títulos com grau de investimento denominados em libras esterlinas e 12 vezes a taxa da dívida corporativa em euros, de acordo com índices da Bloomberg.
Fim do pânico
Investidores acumulam perdas de 2% com dívida de mercados emergentes em moeda local este ano, com 20 das 24 moedas depreciadas em relação ao dólar, o que levou alguns bancos centrais a aumentarem as taxas de juros para controlar a inflação. Isso deve beneficiar os mercados de juros em 2022, disse Manik Narain, chefe da estratégia de ativos cruzados de mercados emergentes do UBS, em Londres.
Ele destacou os títulos locais da Rússia, Coreia do Sul e China por sua qualidade de crédito e disse que posteriormente examinaria a dívida do México. E com a inflação prestes a atingir o pico neste trimestre na maioria dos países emergentes e investidores precificando ciclos de aperto monetário, pode haver um “ponto ideal” para títulos locais de mercados emergentes no ano que vem, disse Narain.
Na Rússia, onde o banco central elevou a taxa básica de juros em 250 pontos-base este ano, a inflação pressiona autoridades a apertar ainda mais a política monetária na reunião programada para o final deste mês. O país pretende gerar superávit fiscal de até 1% do PIB em 2022, mesmo com financiamento semelhante no próximo ano.
Em 2022, a Coreia do Sul espera emitir o menor volume de títulos em dois anos e, no mês passado, a Polônia disse que não venderá notas em leilões no quarto trimestre. Na quarta-feira, o banco central deste último surpreendeu ao subir as taxas de juros pela primeira vez desde 2012, seguindo passo semelhante da Romênia um dia antes. A Indonésia planeja reduzir os gastos públicos e os financiamentos do governo no próximo ano.
“Hoje o mercado está preocupado com os aumentos dos preços globais do petróleo e do gás e com a aceleração da inflação”, disse Narain. “Os títulos locais farão muito sentido como principal estratégia de investimento em 2022.”
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