Ouro pode voltar a brilhar com maiores riscos de estagflação

Aumento dos preços da energia no último mês devido à crise de oferta, além do amplo rali das commodities, agora gera preocupação de pressões de custo sustentadas

Ouro é sensível aos juros, e investidores apostam que bancos centrais em breve começarão a reduzir o estímulo e a aumentar as taxas, o que reduziu o apelo do metal precioso
Por Ranjeetha Pakiam e Eddie Spence
08 de Outubro, 2021 | 02:03 PM

Bloomberg — O papel tradicional do ouro como proteção contra a inflação não tem surtido efeito este ano, mas riscos crescentes de que a recuperação global possa estagnar com o aumento das pressões sobre os preços podem sinalizar uma virada para o metal precioso.

A inflação já havia se acelerado devido a estímulos sem precedentes durante a pandemia e à medida que a distribuição de vacinas estimulava a reabertura gradual de alguns países. O aumento dos preços da energia no último mês devido à crise de oferta, além do amplo rali das commodities, agora gera preocupação de pressões de custo sustentadas.

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No entanto, o ouro caminha para a maior queda anual desde 2015.

Historicamente, o ouro tem sido visto como um investimento atraente quando a inflação se acelera. O metal triplicou de valor até o fim da década de 1970 com os preços ao consumidor dos EUA em quase 15%. Mas o ouro também é sensível aos juros, e investidores apostam que bancos centrais em breve começarão a reduzir o estímulo e a aumentar as taxas. Isso reduziu o apelo do metal precioso.

“O ouro, no curto prazo, não é uma boa proteção contra a inflação, ao contrário da crença popular. A longo prazo, se sai melhor”, disse Wayne Gordon, diretor executivo de commodities e câmbio na UBS Global Wealth Management. “Portanto, não vemos um desempenho superior, a menos que o crescimento desaponte e haja um risco mais amplo, o que leva a uma reversão das tendências de política monetária.”

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Desta vez, porém, investidores estão diante da possibilidade de a estagflação - a combinação de desaceleração do crescimento e aumento dos preços que atingiu as principais economias ocidentais na década de 1970 - voltar aos mercados com a recente disparada dos custos da energia. A turbulência nas cadeias de suprimentos também elevou o preço de muitos produtos para consumidores.

“A estagflação forçaria uma rotação macro saindo de ativos de reflação típicos ou commodities, como petróleo e cobre, para o setor (de metal) precioso”, disse Nicky Shiels, chefe do grupo de estratégia de metais na MKS (Suíça).

Na quinta-feira (7), Yannis Stournaras, membro do conselho do Banco Central Europeu, descartou a ideia de estagflação. No início da semana, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que o banco vai garantir que as expectativas de inflação fiquem ancoradas em 2% e alertou que “não devemos reagir exageradamente à escassez de oferta ou ao aumento dos preços da energia, pois nossa política monetária não pode afetar diretamente esses fenômenos”.

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O ouro acumula baixa de cerca de 15% desde o recorde acima de US$ 2.075 a onça no ano passado na esteira da disparada do dólar e com o aumento dos rendimentos dos títulos, o que reduz o apelo do metal que não rende juros. A prata também mostra perdas e é negociada perto do nível mais baixo desde julho de 2020. A queda dos preços pode ser uma oportunidade de compra para aqueles que ainda acreditam no papel do ouro como proteção contra a inflação.

“Não é uma questão de se a inflação terá um forte impacto, mas uma questão de quando”, disse Gnanasekar Thiagarajan, diretor da Commtrendz Risk Management Services. “Portanto, investir em ouro e prata é o mais ideal, porque o ouro é uma proteção inflacionária e a prata tende a se valorizar muito mais quando o ouro começa a subir.”

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