Bloomberg — Apesar da desaceleração do mercado de trabalho dos Estados Unidos em setembro, é provável que o Federal Reserve decida dar o primeiro passo para a retirada do estímulo da pandemia na reunião do próximo mês.
“Isso não muda o cronograma” da redução do estímulo pelo Fed, disse Rubeela Farooqi, economista-chefe para EUA da High Frequency Economics. “Para o ‘taper’ do Fed, os padrões tanto para a inflação quanto para o mercado de trabalho provavelmente foram atendidos”, disse sobre o termo de retirada do estímulo. “No entanto, isso diz pouco sobre o aperto da política, que passa por um teste muito mais rigoroso e ainda está um pouco distante.”
O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) manteve as taxas de juros perto de zero na reunião de setembro e disse que a redução das compras mensais de ativos do banco central de US$ 120 bilhões “pode ser justificada em breve” se a economia continuar a se recuperar. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse a repórteres que o processo poderia começar já na reunião do Fed de 2 a 3 de novembro e que o teste do FOMC para a retirada do estímulo em termos do “progresso substancial adicional” para o emprego “está praticamente atendido”.
Em setembro, a economia americana criou 194 mil empregos, o menor ganho neste ano e bem abaixo das expectativas, após um aumento revisado para cima de 366 mil em agosto, segundo relatório do Departamento de Trabalho na sexta-feira. A taxa de desemprego caiu para 4,8%, refletindo em parte a redução da população ativa. Já os salários médios por hora aumentaram.
O Fed pode ver o relatório como mais positivo no geral do que o número de vagas, devido às revisões do mês anterior e problemas de ajuste sazonal para trabalhadores do setor de educação, que podem ter influenciado os números, disse Roberto Perli, sócio da Cornerstone Macro. Ele também espera o início da redução do estímulo já novembro.
Além disso, ganhos salariais e queda da taxa de desemprego podem ser vistos como um sinal de que há menos pessoas sem trabalho.
Thomas Costerg, economista sênior para EUA na Pictet Wealth Management, acredita que os membros do Fed mais favoráveis ao aperto da política monetária vão destacar o crescimento muito rápido dos salários como um sinal de que o mercado de trabalho continua se recuperar. “O Fed trabalhou muito para construir um consenso sobre a redução em novembro que realmente nesta fase será difícil parar o trem.”
A próxima reunião do FOMC será realizada nos dias 2 e 3 de novembro, mas o relatório de empregos de outubro não estará disponível até essa data. Se o Fed surpreender e adiar o início da retirada, a última reunião do ano acontece em 14 e 15 de dezembro.
O Fed vê o relatório como “preventivo, não cataclísmico”, disse Diane Swonk, economista-chefe da Grant Thornton. Segundo ela, o Fed ainda assim começará a reduzir o estímulo devido às revisões de agosto, pois seria preciso mais do que um dado abaixo das expectativas para impedir o Fed de dar esse passo.
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