Bloomberg — O presidente da Câmara, Arthur Lira, sabe muito bem que pressionar a Petrobras e propor mudanças no ICMS para tentar conter a disparada dos preços de combustíveis no país terá pouco efeito na prática. Os parlamentares, no entanto, querem deixar claro para suas bases que estão se movendo para atenuar o problema, uma vez que essa é a principal cobrança que recebem dos eleitores quando vão para seus estados.
O projeto de lei endossado por Lira que altera a forma de cobrança do tributo estadual para reduzir os valores cobrados dos consumidores na gasolina, no etanol e do diesel já enfrenta resistência dos governadores, que alegam risco de perder arrecadação.
Um fundo de compensação para atenuar flutuações nos preços também não é trivial. Dependendo de como for montado, poderia inclusive bater na regra do teto de gastos. Segundo um integrante da equipe econômica, a criação de fundos de compensação desse tipo teve taxa de 100% de fracasso todas as vezes que foi tentada no mundo.
Lira tem caminhado para o discurso de falta de sensibilidade dos governadores e já disse que o fundo é uma questão delicada. O sinal é: se der deu, se não der, eu tentei.
Auxílio
Diante da pressão da ala política e do congresso pela prorrogação do auxílio emergencial, a equipe econômica agora faz campanha junto ao presidente Jair Bolsonaro para que, se essa for a solução, ela seja feita dentro do teto de gastos. A Economia, no entanto, não desistiu do novo programa social e tem usado o argumento de que abandonar o teto trará consequências ainda maiores sobre o câmbio e a inflação.
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Bolsonaro tem ouvido de sua equipe econômica que o dólar já está acima do que deveria por ruídos políticos e pela antecipação da corrida eleitoral. Isso, no entanto, ficará muito pior se o governo abandonar sua principal âncora fiscal. E o que Bolsonaro quer é que o câmbio recue.
Alianças
Em busca de alianças para a corrida eleitoral de 2022, o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva analisa a possibilidade de o PT dar mais espaço a candidatos do PSB em oito estados, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Maranhão e Distrito Federal. O PSB disse a Lula que não abre mão de ter candidato próprio nesses locais. O ex-presidente mostrou disposição de negociar.
Pandora Papers
O chamamento para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, compareçam ao Congresso e dêem explicações sobre a posse de empresas em paraísos fiscais, além de pedido de esclarecimento sobre o assunto por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR), foram considerados naturais pela equipe econômica diante da divulgação de uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos batizada de Pandora Papers.
Tanto Guedes quanto Campos Neto estão convictos de que houve transparência na hora de informar sua situação quando vieram para o governo e de que não houve nada de irregular no que toca o assunto. Ambos, no entanto, ficaram profundamente incomodados com o reflexo do caso na esfera pessoal.
Sabatina
O senador Davi Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), não aguenta mais ser cobrado sobre uma data para a realização da sabatina de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao ser perguntado sobre o assunto esta semana, ele disse que não tem data, não vai ser em outubro e encerrou a conversa.
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