Fabricantes de chips globais resistem a fornecer dados para EUA

Iniciativa do governo Biden para destravar a oferta de chips enfrenta resistência de parlamentares e executivos em Taiwan e na Coreia do Sul

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Bloomberg — Uma iniciativa do governo Biden para destravar a oferta global de chips enfrenta resistência de parlamentares e executivos em Taiwan e na Coreia do Sul, o que complica as tentativas de resolver os gargalos que afetam as indústrias de automóveis a eletroeletrônicos.

No fim do mês passado, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos pediu a empresas da cadeia de suprimentos de semicondutores que respondessem questionários até 8 de novembro em busca de informações relativas à contínua escassez de chips. Embora o preenchimento seja voluntário, a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, avisou representantes da indústria que a Casa Branca pode invocar a Lei de Produção de Defesa ou outras ferramentas para obrigá-los, caso não respondam.

A questão tornou-se particularmente espinhosa em Taiwan, sede da Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), que responde por mais da metade do mercado global de fabricação de chips por encomenda. Esse domínio já levou rivais como Intel a pedirem mais investimentos domésticos e governos dos EUA, União Europeia, Japão e China a ponderarem esforços para fortalecer suas indústrias de chips e reduzir a dependência do polo de fabricação de semicondutores mais avançado do mundo.

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“A TSMC de forma alguma entregará informações confidenciais, particularmente dados de clientes”, disse Sylvia Fang, diretora jurídica da empresa, em conversa com repórteres na quarta-feira. Três dos cinco principais clientes da TSMC são dos EUA, sendo que a Apple, a maior deles, representa 25% das vendas totais. “A TSMC ainda está avaliando como responder.”

A rival de menor porte United Microelectronics não quis comentar sobre como pode responder à consulta dos EUA, embora o diretor financeiro, Liu Chi-tung, tenha dito à Bloomberg News que a empresa protegerá informações confidenciais dos clientes.

O Ministério do Comércio, Indústria e Energia da Coreia do Sul divulgou na quarta-feira um comunicado mostrando preocupação com o escopo do pedido dos EUA. Outros veículos de comunicação, como o Korea Joongang Daily, também citaram pessoas não identificadas de fabricantes de chips locais dizendo que podem ter dificuldade em atender à consulta.

O possível impasse surge à medida que a escassez de chips vai de mal a pior. Os prazos de entrega no setor - o tempo entre um pedido de semicondutores e a entrega - aumentaram pelo nono mês consecutivo, para uma média de 21,7 semanas em setembro, de acordo com o Susquehanna Financial Group. Esse é o prazo mais longo desde que a empresa começou a rastrear os dados em 2017.

No questionário dos EUA, fabricantes de chips foram solicitados a comentar sobre estoques, pedidos em atraso, prazo de entregas, práticas de compra e o que estão fazendo para aumentar a produção. O Departamento de Comércio também pediu informações sobre os principais clientes de cada produto. Mas o departamento percebeu que muitos mostram dificuldades em responder o questionário e por isso prepara um guia com dúvidas frequentes para auxílio, disse Fang, da TSMC.

“Se os EUA buscam resolver os problemas da cadeia de suprimentos, veremos como podemos melhor atendê-los”, disse Fang. “Temos feito muito para ajudar, incluindo com o aumento da produção de chips automotivos e priorizando clientes automotivos até certo ponto.”

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