São Paulo — Os pedidos de falência feitos por fornecedores para pressionar companhia abertas com sólida situação financeira a pagarem débitos não-reconhecidos voltaram a se tornar frequentes no mercado acionário brasileiro, obrigando a B3 e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a pedirem esclarecimentos às empresas.
“Esse expediente estava em desuso”, diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, empresa de análise de informações de crédito.
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A última a ser alvo de um pedido de falência é a Rossi Residencial, que registrou lucro de R$ 106,2 milhões no segundo trimestre deste ano. Nesta quarta-feira (6), a companhia respondeu a um ofício enviado pela Bolsa questionando a incorporadora paulista sobre o assunto.
“Quanto ao requerimento de falência formulado por Ueliton Nascimento Dos Santos e distribuído pela 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP, a companhia informa que não há quaisquer esclarecimentos a serem prestados por ora, pois sequer foi citada nos autos da ação judicial, e que demais informações e esclarecimentos que se fizerem necessários serão apresentados nos autos oportunamente”, informou a Rossi Residencial.
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É mais uma representante do setor imobiliário a ter um pedido de falência protocolado. No mês passado, quem enfrentou situação semelhante foi a incorporadora paulista Gafisa, cuja falência foi solicitada pela empresa DI Construção e Instalações Ltda. na 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A companhia teve um lucro de R$ 13,1 milhões no segundo trimestre.
Também no mês passado, no último dia 22, a fabricante de bebibas Ambev, que lucrou R$ 2,9 bilhões no segundo trimestre, também teve de esclarecer o mercado sobre o requerimento de falência feito pela Engeparker Metalúrgica, referente a um valor de R$ 52.896,22.
“Considerando o valor envolvido, a companhia entende que a via judicial eleita pela requerente, em especial pelo valor da causa, é incompatível com a sólida situação financeira da companhia. Dessa forma, apesar de não reconhecer o débito, a companhia informa que, no momento oportuno, adotará todas as providências e medidas legais cabíveis e procederá à garantia do valor e defesa do caso”, respondeu a Ambev.
Na maioria dos casos, a B3 e a CVM monitoram a coluna específica do jornal Valor Econômico sobre falências e concordatas e encaminham ofícios às companhias citadas nesse espaço, em busca de esclarecimentos. Nem todas as empresas acionadas dão detalhes sobre o caso, a exemplo do que fez a Ambev.
Em geral, esses esclarecimentos feitos por empresas de resultados sólidos não provocam grande impacto nas cotações na B3. Hoje, no entanto, a ação da Rossi Residencial registrava, nos últimos minutos do pregão, uma queda de 2,32%, cotada a R$ 8,41, enquanto o Ibovespa estava praticamente estável (+0,11%)
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