Bloomberg — A Boeing deve lançar uma versão cargueiro de seu jato 777X nas próximas semanas e está em negociações avançadas com a Qatar Airways e outros potenciais compradores, disseram pessoas informadas sobre o assunto.
O lançamento do primeiro novo jato da Boeing em quatro anos vai intensificar a disputa com a Airbus pela supremacia em um segmento que se expande enquanto as vendas de jatos de passageiros desaceleram na pandemia de Covid-19. A fabricante de aviões europeia comercializa um cargueiro baseado em seu jato A350-1000, na tentativa de interromper décadas de domínio da Boeing em um negócio lucrativo.
Além da Qatar Airways, a Boeing também negocia com a FedEx, Deutsche Lufthansa, Singapore Airlines e com a DHL, unidade da Deutsche Post, de acordo com as pessoas, que pediram para não serem identificadas. Embora as conversas da Boeing sobre o novo cargueiro sejam conhecidas, os detalhes do lançamento oficial, provavelmente no Dubai Airshow no próximo mês, não haviam sido divulgados.
Para a Boeing, o lançamento do cargueiro 777X seria uma chance de voltar a competir depois de passar a maior parte dos últimos três anos focada em problemas de qualidade, falhas de gestão e tensões financeiras causadas por dois acidentes com o jato 737 Max. Além disso, problemas com reguladores adiaram a estreia comercial do primeiro jato de passageiros 777X em pelo menos três anos, até o final de 2023.
É atípico uma fabricante de aviões vender uma variante cargueiro de um jato antes que a versão de passageiros chegue ao mercado. A decisão da Boeing reflete a dificuldade enfrentada para vender aviões de 400 lugares em um mercado de viagens desaquecido, bem como a ameaça que as novas aeronaves da Airbus representam para a franquia de carga da empresa dos EUA.
“A Airbus provavelmente pensa que a Boeing está em uma posição onde não consegue responder”, disse Richard Aboulafia, analista aeroespacial do Teal Group. O Boeing 747 deve sair da linha no próximo ano, criando a oportunidade para um novo avião assumir a liderança do mercado de carga aérea.
Tom Crabtree, diretor regional de carga aérea da Boeing, disse que o cargueiro 777X, como o anterior 747, define a “referência” para maximizar o volume de carga que pode caber dentro de sua estrutura.
O cargueiro A350, “em termos de seção transversal, está apenas no mesmo nível do MD-11”, disse Crabtree, referindo-se a um cargueiro do antigo McDonnell Douglas, entregue pela última vez há duas décadas.
“Então, gosto de nossas chances? Sim, porque temos um corte transversal maior”, disse em entrevista.
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