São Paulo — Os mercados domésticos abrem a sessão desta segunda-feira (4) avaliando os possíveis desdobramentos dos Pandora Papers envolvendo as perspectivas locais. Apesar do conhecimento de que não há irregularidades legais que envolvam o ministro da Economia Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, há a avaliação de que o caso possa elevar as tensões e os riscos atrelados a ativos brasileiros.
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Lá fora, os mercados globais optam pela aversão ao risco, à medida que a recuperação pós-pandemia é paralisada devido à ampla escassez de ofertas, desde semicondutores até de café. Uma crise energética que se espalhou aumentou a preocupação de que a inflação elevada durará mais tempo do que os formuladores de políticas preveem. Os riscos estão se multiplicando em um momento em que os investidores estão se preparando para uma redução gradual das compras de ativos pelo Federal Reserve já no próximo mês.
“As ações americanas ficaram sob pressão de venda depois de enfrentar taxas mais altas e sinais de desaceleração no ritmo econômico“, escreveu Craig W. Johnson, técnico-chefe de mercado da Piper Sandler, em nota.
- Perto das 10h50, o Ibovespa caía 1,31%, a 111.420 pontos
- Entre os destaques, as ações preferenciais do Itaú (ITUB4) oscilam com os ajustes pela incorporação da XPart pela XP, enquanto os papéis da Petrobras sobem mais de 1,5% e amenizam as perdas do principal índice da B3, com a alta do petróleo na sessão de hoje, em dia de reunião da OPEP+
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- Dólar e juros operam em alta, com o mercado doméstico optando pela busca por proteção. O dólar subia 0,93%, a R$ 5,434, enquanto o DI para janeiro próximo ia de 7,192% para 7,214%
- Nos EUA, o Nasdaq caía 1,43%, o S&P 500, 0,49% e o Dow Jones rondava a estabilidade
Contexto
Uma mega investigação jornalística global, envolvendo mais de 600 profissionais de imprensa em 117 países e territórios, deu origem aos chamados Pandora Papers, divulgados no último domingo (3), e que citam personalidades famosas e líderes governamentais ligados a empresas offshore em paraísos fiscais. A análise de mais de 11,9 milhões de arquivos traz os nomes de Paulo Guedes e Roberto Campos Neto como donos de companhias offshore - o que, na prática, se declaradas às autoridades locais, não configura ilegalidade.
Conforme Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, “em hipótese alguma ter empresa fora do país é crime, nem mesmo em paraísos fiscais. Evidentemente que a opinião pública influenciável pode não enxergar dessa maneira. Tendo isso em vista, ambos já vieram a público afirmar que as empresas são declaradas junto aos órgãos competentes e não são cometidas ilegalidades junto às mesmas”.
“Apesar de não avaliar que a divulgação terá maiores desdobramentos, é muito provável que parte da mídia e os políticos queiram transformar isso em um evento, resta saber como líderes governistas reagirão às provocações”, afirmou.
-- Com informações de Bloomberg News