Inflação volta a dominar agenda; mercados começam outubro no negativo

Dados macroeconômicos concentram as atenções dos investidores, além do desenlace político nos EUA. Ações na Europa e futuros em NY caem

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Barcelona, Espanha — Os temores relacionados à inflação e ao ritmo de crescimento das economias globais mantêm os investidores ressabiados e avessos ao risco. O mercado encerrou um setembro ruim para os negócios com ações, com alguns índices de renda variável retrocedendo pela primeira vez desde janeiro, interrompendo uma sequência de sete altas sucessivas. O mês de outubro, cabeça de trimestre, começa com os índices no negativo. Operam no vermelho tanto as bolsas europeias como os futuros de índices em Nova York.

Ao contrário de ontem, quando balanços corporativos positivos sustentaram a alta no início da sessão, hoje o mercado só tem olhos para o âmbito macroeconômico. Os índices inflacionários de vários cantos do mundo estão sendo seguidos de perto e os analistas temem que os gargalos no abastecimento mantenham os preços elevados por muito tempo, afetando o ritmo de expansão econômica.

Hoje saiu a inflação da zona do euro em setembro, que atingiu o seu nível mais alto em 13 anos, repercutindo o aumento dos custos com energia no bloco. A inflação principal chegou a 3,4% no mês passado, de acordo com dados preliminares do escritório de estatísticas da Europa, a Eurostat. A informação sucede o anúncio de que os preços ao consumidor alemão subiram 4,1% em setembro - o nível mais alto em quase 30 anos.

Também estão na lista de fatores para acompanhar as vendas varejistas de agosto na Alemanha, os dados finais do PMI manufatureiro medido pelo ISM, bem como o índice de preços de gastos com consumo nos Estados Unidos em agosto. Este indicador é tido como uma das medidas preferidas pelo Federal para orientar sua política.

O campo político também se apresenta minado para os mercados. Depois de muita expectativa, o mercado finalmente recebeu a notícia de que o presidente Joe Biden assinou ontem o projeto de lei de financiamento provisório que evitará o fechamento de parte do governo norte-americano. A medida mantém o até 3 de dezembro o nível de financiamento para os departamentos e agências governamentais. Porém, não soluciona a ameaça de um incumprimento dos Estados Unidos vinculado com o limite de sua dívida, o que mantém os investidores em alerta. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, ressaltou que se os legisladores não aumentam o limite da dívida, pouco depois de 18 de outubro o país deixaria de ter dinheiro em caixa e corre o risco de não conseguir pagar seus compromissos.

Ler mais: Yellen sugere espaço de ‘poucos dias’ após prazo limite da dívida

As bolsas na Europa se comportavam assim na manhã de hoje:

A principal notícia nesta manhã diz respeito à inflação na zona do euro. A taxa anual subiu a 3,4%, o maior nível em 13 anos, segundo dados preliminares da Eurostat. Em agosto, a leitura foi de 3,0%.

Os números de setembro saíram ligeiramente superiores aos 3,3% projetados pelo mercado. Segundo analistas do Bankinter, os repiques inflacionários devem ser transitórios, refletindo os gargalos de abastecimento. O principal risco para os mercados viria de uma persistência das dificuldades na produção.

  • o Stoxx 600 Europe Index cedia 0,77%, para 451 pontos às 12h25 CEST (7h25 no horário de Brasília)
  • o alemão DAX caía 0,74%, para 15.148 pontos
  • em Paris, o CAC 40 declinava 0,74%, situando-se nos 6.471 pontos
  • o londrino FTSE 100 desvalorizava-se 0,89%, aos 7.023 pontos
  • o IBEX 35 baixava 0,77%, para 8.728 pontos

Futuros de ações nos EUA

  • o S&P 500 futuro perdia 0,42% às 12h25 CEST (7h25 no horário de Brasília) para os 4.280 pontos
  • os contratos indexados ao índice Dow Jones recuavam 0,50%, somando 33.550 pontos
  • os contratos futuros indexados ao índice Nasdaq perdiam 0,35%, para 14.633 pontos

Como fechou Wall Street ontem, final de mês e de trimestre

O S&P 500 terminou com 1,19% de perda (4.307 pontos. O Dow Jones Industrial caiu 1,59% (33.843 pontos). O Nasdaq 100 encerrou o dia com queda de 0,44%, para os 14.448 pontos.

Mercados asiáticos

A China entrou hoje em um feriado que se prolonga até 7 de outubro. O mercado de Hong Kong também ficou fechado na sexta-feira. No Japão, Nikkei 225 mostrou 2,31% de queda, aos 28.771 pontos.

Confira o comportamento de outros mercados na manhã de hoje:

Petróleo

  • em Nova York, os contratos futuros de petróleo cediam 0,72% às 12h25 CEST (7h25 no horário de Brasília), para US$ 74,49 por barril.

Moedas

  • o euro era negociando com ligeira alta de 0,06% a US$ 1,1584
  • o iene se depreciava 0,17%, para US$ 111,10
  • a libra esterlina tinha 0,30% de alta, cotada a US$ 1,3514

Ouro

  • o ouro futuro caía 0,13%, para US$ 1.754 a onça troy

Cripto

  • o bitcoin valorizava-se 3,34%, para US$ 44,884 mil.

-- Com informações da Bloomberg News