Com resgate de funcionários, Vale tenta retomar credenciais ESG

O incidente de Sudbury evocou memórias do angustiante resgate de mineiros presos no Chile, há 11 anos, durante 69 dias

Vale consegue resgatar todos os mineiros no Canadá
Por Mariana Durao
29 de Setembro, 2021 | 09:18 PM

Bloomberg — A Vale SA conseguiu libertar todos os 39 trabalhadores presos em uma mina subterrânea esta semana. Agora o trabalho começa a convencer os investidores de que o incidente foi algo pontual.

O acidente de domingo na mina de Sudbury, Ontário, é particularmente chocante para uma empresa que ainda está tentando se reinventar como uma cidadã corporativa responsável após dois desastres de rejeitos. Provar suas credenciais ambientais, sociais e de governança é fundamental para a Vale preencher uma lacuna de valuation com seus principais rivais.

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“Episódios como esse não combinam com o ESG”, disse Andrew Cosgrove, analista da Bloomberg Intelligence. “Eles têm uma batalha difícil.”

O incidente de Sudbury evocou memórias do angustiante resgate de mineiros presos no Chile, há 11 anos, durante 69 dias. Felizmente, a Vale conseguiu tirar todos com segurança em menos de três dias.

“Após concluir o resgate seguro de todos os empregados, a Vale deu início a uma investigação interna sobre o incidente”, informou a empresa por e-mail. Desde o caso fatal de rompimento de uma barragem em 2019, a empresa colocou um diretor responsável pela segurança, criou cinco comitês executivos para gestão de risco e implementou “revisões profundas” em sua estrutura de prevenção de acidentes, disse a Vale.

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O evento da semana, causado pelo deslocamento de uma escavadeira que danificou a saída da mina, teve um grande impacto físico e emocional sobre os envolvidos. Ainda assim, foi muito menos grave do que o rompimento de uma barragem no Brasil, que matou 290 pessoas e causou estragos no meio ambiente.

Desde o segundo desastre na barragem, um dos mantras do CEO Eduardo Bartolomeo tem sido: “segurança, pessoas e reparo.” O rompimento da barragem de Brumadinho em 2019 fez com que a Vale perdesse sua posição como a maior produtora mundial de minério de ferro e desencadeou uma revisão de procedimentos de segurança e governança em toda a empresa.

Embora a Vale tenha conseguido recuperar parte de seu gap de valuation com a Rio Tinto Group e a BHP Group recentemente, a produtora sediada no Rio de Janeiro ainda tem suas ações negociadas com desconto em relação a suas rivais, cujas minas australianas estão mais próximas das siderúrgicas chinesas.

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“Parece que a passagem do tempo e registros relativamente calmos de saúde, além da execução de várias outras iniciativas, serão necessários para mover as coisas de forma significativa”, disse Cosgrove. “A mineração é um negócio difícil.”

Três dias antes do incidente de Sudbury, a Vale dedicou parte de um briefing ESG liderado por Bartolomeo para explicar sua agenda de saúde e segurança, incluindo o uso de tecnologia para reduzir acidentes.

Em resposta ao briefing, os analistas da XP Investmentos elogiaram a disposição da Vale de aumentar a transparência em seu caminho em direção às melhores práticas ESG, observando, no entanto, que ainda há passos importantes a serem dados.

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Percebendo a importância do incidente no Canadá para esses esforços, o CEO se reuniu com a equipe e o pessoal de resgate em Sudbury, onde o sindicato que representa a maioria dos trabalhadores presos pediu a todos os envolvidos que nunca se esquecessem do risco que os funcionários correm sempre que vão para a mina subterrânea.

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