Bloomberg — A China orientou instituições financeiras a ajudarem governos locais a estabilizar a rápida desaceleração do mercado imobiliário e a flexibilizar hipotecas para alguns compradores de imóveis, outro sinal de que autoridades estão preocupadas com as consequências da crise de dívida da incorporadora Evergrande.
Em reunião liderada pelo presidente do banco central chinês, Yi Gang, autoridades disseram às instituições financeiras para cooperarem com os governos para “manter conjuntamente o desenvolvimento estável e saudável do mercado imobiliário e salvaguardar direitos e interesses legítimos de consumidores imobiliários”, segundo comunicado divulgado na quarta-feira pelo Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês).
A reunião, que contou com a presença de representantes de agências reguladoras do setor bancário, de valores mobiliários, do Ministério da Habitação e executivos de 24 bancos, também pediu “uma compreensão precisa e aplicação do sistema de gestão prudencial do financiamento imobiliário em torno do objetivo de ‘estabilizar os preços dos terrenos, os preços dos imóveis e expectativas”, disse o PBOC.
Reguladores pediram aos bancos que evitem reduzir o financiamento a incorporadoras de uma só vez, disse uma pessoa a par do assunto. As instituições financeiras devem continuar apoiando projetos em construção e aprovar hipotecas para consumidores qualificados para pré-venda, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada.
A postura dos reguladores ecoa a promessa feita pelo PBOC há dois dias para garantir um “mercado imobiliário saudável” e proteger os direitos dos consumidores, já que a gigante imobiliária Evergrande está à beira de um colapso, ameaçando deixar 1,5 milhão de compradores à espera de imóveis.
“A reunião reforça um passo em curso das autoridades chinesas para abordar os potenciais riscos de contágio trazidos pela Evergrande”, disse Jun Rong Yeap, estrategista de mercado da IG Asia. “Embora o aperto das regulamentações possa permanecer, a recente reunião pode sugerir intenções para um aperfeiçoamento mais controlado no crédito, melhorando potencialmente alguns fluxos de capital para incorporadoras da China.”
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O PBOC não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
O Citigroup estima que cerca de 41% dos ativos do sistema bancário da China estavam direta ou indiretamente associados ao setor imobiliário no fim do ano passado, e qualquer queda dos preços pode causar um efeito indireto na qualidade dos ativos dos bancos. Instituições financeiras chinesas têm cerca de 50,8 trilhões de yuans (US$ 7,9 trilhões) em empréstimos em aberto para incorporadoras e compradores de imóveis.
Ainda assim, o PBOC reiterou em comunicado que não usará o mercado imobiliário como ferramenta de estímulo à economia para o crescimento de curto prazo e preservará o antigo princípio do governo de que “habitação é para viver, não para especular”.
Em relação às expectativas de uma nova rodada de flexibilização do crédito imobiliário, o jornal estatal Economic Daily disse em comentário na quarta-feira que a China não deveria afrouxar suas políticas só porque algumas incorporadoras imobiliárias estão enfrentando problemas.
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