Luciano Hang, um dos mais vocais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, está depondo nesta quarta-feira (29) na CPI da Pandemia, no Senado Federal. O depoimento do dono da rede de lojas Havan tem sido marcado por ironias, bate-bocas e ofensas.
O empresário negou que tivesse pedido para que Covid-19 não constasse no atestado de óbito da mãe, Regina Hang, que morreuem janeiro, vítima da doença em um hospital da Prevent Senior em São Paulo. O documento da morte não fazia alusão à doença.
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Aqui estão os principais pontos:
Atestado de óbito da mãe
Hang disse que ficou surpreso quando viu o atestado de óbito de sua mãe, Regina Hang, em janeiro. O empresário negou que tivesse pedido para que a causa da doença constasse no documento.
“Achei estranho estar no óbito, mas sou leigo. Tinha cinco doenças lá e não estava Covid. Segundo eles, quem preencheu o atestado de óbito foi o plantonista. No dia seguinte, a comissão de controle de infecção hospitalar e corrigiu o erro do plantonista”, disse.
“Não vejo o interesse do hospital de mentir sobre a causa da morte da minha mãe”, afirmou.
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Hang disse que a mãe recebeu “tratamento precoce” ao entrar no hospital. O “tratamento precoce” citado pelo empresário refere-se à azitromicina, hidroxicloroquina e outros medicamentos comprovadamente sem eficácia para o tratamento de Covid.
Regina foi internada em 1º de janeiro e faleceu em 3 de fevereiro.
Financiamento de fake news
Luciano Hang negou que tenha financiado canais na internet para desacreditar medidas de isolamento e defender a disseminação de remédios sem eficácia comprovada para tratar a Covid.
Ele disse que propagandas da Havan são distribuídas através do sistema de anúncios do Google, mas que não houve direcionamento para sites, como o Terça Livre – canal do bolsonarista Allan dos Santos, investigado pelo STF no inquérito dos atos antidemocráticas.
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Hang diz que não se vacinou
O empresário disse que não tomou a vacina contra a Covid-19, doença que contraiu em janeiro deste ano na época em que sua mãe estava internada. Hang atribuiu a um “conselho de um médico” a decisão de não se vacinar.
“Tenho médicos. Um deles me disse: ‘Luciano, nunca vi ninguém com uma imunidade tão alta como a sua. Deixe para se vacinar apenas quando a imunidade cair’”, relatou o empresário.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) fez um comentário mordaz: “Não acredito que um médico tenha dado um conselho idiota como esse”.
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A Havan e os bancos públicos
Um dos focos do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, perguntou sobre o acesso da Havan aos recursos do BNDES, Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Hang disse que nunca acessou diretamente recursos do BNDES, mas que empresas que fornecem à Havan integram o Finame, programa do banco estatal para financiamento de máquinas e equipamentos.
Segundo Hang, ele fez um único negócio com o BNDES: a compra de um terreno em Franca (SP) de uma empresa que quebrou e devia para o banco. O empresário afirmou que ele pagou o banco no lugar do devedor.
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“Passei em Franca, gostei do terreno e comprei por R$ 16 milhões. Terreno pertencia a empresa que quebrou e eu comprei o terreno e paguei ao BNDES. O que eu fiz foi livrar o BNDES no abacaxi”, afirmou.
O empresário afirmou que, no início da pandemia, procurou empréstimos no Bradesco, Santander e Itaú, mas não nos bancos estatais.
“Fake News. No governo do PT nunca peguei nada de bancos públicos. Na pandemia, peguei dinheiro do Bradesco, Itaú e do Santander. Banco estatal, na-na-ni-na-não. Para depois lá na frente falarem: ‘tá vendo, ele foi financiado com dinheiro público!’”
Algemas, propaganda e expulsão de advogado
A tensão começou ainda antes do depoimento. Numa provocação, Hang chegou ao Senado levando algemas, em uma alusão à prisão, mas o item não passou pelo detector de metais.
No início do depoimento, foi exibido um vídeo trazido por Hang em que criticava o relator, Renan Calheiros (MDB-AL) e fazia propaganda das lojas – senadores da oposição ao presidente Jair Bolsonaro reclamaram que o depoimento estava usando a CPI para fazer publicidade.
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Renan, no início do depoimento, insultou Hang, chamando-o de “bobo da corte”, “bufão” e “sabujo”.
“Bons tempos em que as cidades do interior se iluminavam com o simples anúncio de que o circo chegou. Nos restou só o trágico globo da morte e 595 mil mortos”, disse Renan.
Por volta das 12h30, houve um tumulto. Omar Aziz determinou a expulsão de Beno Brandão, um dos advogados de Hang, por ter supostamente ofendido o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Na volta da sessão, meia-hora mais tarde, o advogado pediu desculpas e pediu a reconsideração da expulsão. Brandão foi autorizado a ficar.
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