Mudança climática já preocupa mais seguradoras que pandemia

Aliança Net Zero Insurance orienta seguradoras a dar preferência a empresas com planos de transição para energia limpa

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Bloomberg — A mudança climática voltou ao topo da lista das maiores preocupações das seguradoras à medida que a vacinação e o afrouxamento gradual das restrições de saúde reduzem os temores de pandemia em muitos países.

O aquecimento global foi classificado como o maior risco para a sociedade nos próximos cinco a 10 anos em um relatório divulgado na terça-feira (28) pela gigante seguradora francesa AXA SA. Embora a ameaça também tenha liderado o ranking em 2018 e 2019, ela foi superada por doenças e pela pandemia no ano passado, com o avanço do vírus pelo mundo.

“A mudança climática está de volta no topo da agenda”, disse o CEO da AXA, Thomas Buberl, em um comunicado. “Essa é uma boa notícia, pois no ano passado temíamos que a explosão de riscos à saúde pudesse ofuscar a emergência climática”.

As seguradoras são cada vez mais desafiadas pelo aquecimento global, já que os eventos climáticos extremos causados pelas mudanças climáticas devem continuar aumentando. Pouco menos de 20% dos 3,5 mil profissionais de seguros entrevistados em 60 países apresentaram confiança nas autoridades públicas para mitigar a crise.

A AXA, que preside a aliança Net Zero Insurance, tenta pressionar as maiores empresas do setor a excluir companhias poluidoras e focar nas que possuem planos de transição claros e confiáveis, tanto no âmbito de investimento quanto de subscrição. A última política é ainda mais poderosa, disse Buberl em entrevista à Bloomberg TV na quarta-feira (29).

“No âmbito dos investimentos, somos um entre muitos investidores; e se você quiser encontrar recursos para uma fábrica de carvão hoje, vai encontrar”, disse Buberl na entrevista. Mas se uma empresa não consegue obter seguro para se proteger contra riscos, então não conseguirá proteger os investidores, afirmou.

Riscos cibernéticos

A pesquisa também constatou que os riscos cibernéticos, em segundo lugar na lista, eram um temor que crescia rapidamente entre as seguradoras. Este ano, cerca de 61% dos entrevistados colocaram a segurança cibernética entre suas cinco principais preocupações, ante 54% em 2018. A pandemia caiu para terceiro lugar.

A pandemia e o lockdown certamente acentuaram o uso de ferramentas digitais, e nós, seguradoras, vimos que isso também intensificou os riscos e ataques cibernéticos”, disse o vice-CEO da AXA, Frederic de Courtois, em entrevista coletiva.

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