Luxo: Ações do setor que dispararam na pandemia esfriam com reabertura

Papéis da Cettire, varejista on-line que compra bolsas e sapatos no atacado europeu e os revende com descontos significativos, subiram 630% em 2021

E-commerce australiano compra produtos no atacado e os revende com desconto
Por Thuy Ong
29 de Setembro, 2021 | 10:46 AM

Bloomberg — As ações de uma empresa australiana de comércio eletrônico de luxo, que tiveram uma valorização de quase 630% neste ano graças aos compradores presos em casa, podem esfriar por conta de preocupações relativas às cadeias de suprimento e também devido ao fim dos lockdowns, afirmaram analistas.

A Cettire Ltd. é uma varejista online que compra produtos de alta qualidade no atacado, como bolsas e sapatos da Europa, e os revende com descontos significativos para compradores nos EUA, Austrália e outros países. Entre as marcas figuram a Fendi, da LVMH Moet Hennessy SE, e a Gucci, da Kering SA.

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Essa tática permitiu à empresa liderar o S&P Global Luxury Index este ano, batendo empresas como a Chow Tai Fook Jewellery e a Hugo Boss. Desde a listagem em dezembro, suas ações saltaram mais de sete vezes e subiram 36% somente nos últimos 30 dias.

No entanto, alguns ventos contrários podem estar a caminho. Algumas empresas de luxo não se alinham com a estratégia dos descontos no atacado, e isso poderia prejudicar o fornecimento de artigos de luxo para as chamadas empresas do mercado cinza, como a Cettire. Enquanto isso, a diminuição das barreiras impostas pela pandemia nos EUA, de onde a empresa obtém a maior parte das receitas, e um movimento semelhante na Austrália, podem reduzir as vendas.

“Sabemos que as marcas mais importantes que ainda praticam exposição ao atacado estão reduzindo essa exposição ao máximo. Isso limitará as perspectivas de crescimento dos participantes do mercado cinza e arbitragistas “, disse Luca Solca, analista da Sanford C. Bernstein. “Não tenho certeza se a Cettire pode ter um modelo de negócios sustentável de longo prazo.”

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A empresa continua “no embalo” mesmo com a reabertura em algumas partes do mundo e, mais recentemente, iniciou parcerias diretas com as marcas, informou o diretor financeiro da Cettire, Tim Hume, em resposta a um e-mail da Bloomberg.

A Prada anunciou em julho que as receitas de atacado tinham caído 37% em relação ao mesmo período de 2019, em sua abordagem seletiva para desenvolver o varejo. A Kering disse que o atacado caiu mais de 40% nos últimos anos, o que foi consistente com a estratégia da Gucci de aumentar o controle de seu canal de distribuição.

Varejistas bem administrados podem ser capazes de suportar reduções no atacado, segundo a analista da Bloomberg Intelligence, Deborah Aitken. Ela afirma que, embora as ações da Cettire possam perder o ritmo após a forte corrida, as vendas de e-commerce permanecem resilientes.

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A receita bruta da Cettire saltou 333% nos resultados anuais, em agosto. Os clientes ativos, ou aqueles que fizeram pelo menos uma compra nos últimos 12 meses, aumentaram 285% para 114.830, declarou a empresa.

Aitken ressalta que a parceira da Cettire nos Estados Unidos, a Farfetch, já viu dias melhores, mas ainda está significativamente acima de seus níveis pré-pandemia. As ações da Farfetch subiram 517% em 2020, mas caíram 39,3% este ano, levando-a para o final da classificação do indicador de luxo da S&P.

A redução das restrições globais relacionadas à pandemia também pode afetar a empresa. Em breve, os Estados Unidos permitirão a entrada da maioria dos passageiros aéreos vindos do exterior, no mais recente esforço do país no sentido da reabertura. Enquanto isso, o estado mais populoso da Austrália está se preparando para atenuar as medidas de lockdown, já que o país planeja abrir sua fronteira internacional até o natal.

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“A questão importante é se os consumidores que migraram para as compras online durante a pandemia continuarão com essa prática depois que as lojas forem reabertas”, apontou Chloe Stokes, gerente de investimentos da Forager Funds Management Ltd.

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