Bolsonaro, entrando no modo de campanha, planeja estender auxílio emergencial

O plano em discussão é dar assistência àqueles que não serão elegíveis para um novo programa social que o Bolsonaro pretende lançar após o fim do auxílio emergencial

Presidente Jair Bolsonaro fala na assembleia da ONU
Por Daniel Carvalho, Martha Beck e Simone Iglesias
28 de Setembro, 2021 | 10:02 PM

Bloomberg — O governo brasileiro está considerando estender o auxílio emergencial do período da pandemia até abril, enquanto o presidente Jair Bolsonaro busca aumentar sua mais baixa popularidade antes das eleições de 2022.

“Somos um país rico”, disse Bolsonaro a uma multidão de apoiadores na terça-feira em um evento no estado da Bahia, um dos mais pobres do país. “Podemos servir os mais necessitados por um pouco mais de tempo.”

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O plano em discussão é dar assistência àqueles que não serão elegíveis para um novo programa social que o Bolsonaro pretende lançar após o fim do auxílio emergencial em dinheiro em outubro, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto. A ideia é que a ajuda mensal gire em torno de R$ 300, mesmo valor que está sendo pago atualmente, disse uma das pessoas, pedindo para não ser identificada porque as discussões são privadas.

A extensão do auxílio emergencial fazem parte de um plano maior que Bolsonaro está colocando em movimento para lançar informalmente sua campanha e melhorar as chances de reeleição, de acordo com duas outras pessoas próximas ao presidente. Esta semana, o líder conservador está visitando cidades em quatro das cinco regiões do país para defender seu governo, anunciar obras de infraestrutura e entregar títulos de propriedade a famílias pobres.

Ele também está falando sobre a recuperação econômica do país, embora reconheça que a inflação é um problema que atribui aos adversários políticos. Ao mesmo tempo, ele continua buscando o apoio dos mercados financeiros, dizendo que não vai ceder à pressão do Congresso para gastar mais, nem vai intervir nos preços dos combustíveis que vêm corroendo o poder de compra.

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Desafio de orçamento

Bolsonaro busca ampliar e rebatizar o Bolsa Família, programa social que se tornou uma marca da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, um de seus principais rivais políticos. No entanto, seu governo tem lutado para fazer isso sem quebrar uma regra que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação. O auxílio emergencial da Covid, por outro lado, poderia ser pago com fundos extraordinários aprovados pelo Congresso.

O governo estendeu a ajuda durante a Covid algumas vezes, com valores menos generosos, desde o lançamento no ano passado. Até agora, eles custaram aos cofres públicos R$ 335,6 bilhões (US$ 61,5 bilhões), de acordo com o Ministério da Cidadania.

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Uma nova extensão do programa enfrenta oposição da equipe econômica, segundo o secretário do Tesouro, Jeferson Bittencourt.

“Uma solução extraordinária para despesas sociais não é adequada”, disse ele a repórteres na terça-feira, acrescentando que qualquer novo programa social precisará encontrar fontes de financiamento. “Os problemas sociais devem ser corrigidos da maneira certa.”

--Com assistência de Marisa Wanzeller.