Bloomberg — As compras semanais de supermercado estão cada vez mais caras nos Estados Unidos. Os preços do gás sobem, e as contas de energia no inverno parecem ameaçadoras. Os problemas das cadeias de suprimentos aumentam antes da temporada de fim de ano. A Covid-19 continua em alta. No oeste, florestas são destruídas por incêndios e inundações afetam residentes no leste do país.
Como o governo de Washington está respondendo? Democratas progressistas e moderados criticam uns aos outros sobre o tamanho do plano econômico multibilionário. O presidente dos EUA, Joe Biden, e assessores de saúde pública não chegam a um acordo sobre quem deve receber vacinas de reforço. E o Tio Sam corre risco de não pagar as dívidas.
Na terça-feira, republicanos bloquearam um projeto dos democratas no Senado para aumentar o teto da dívida pela segunda vez em dois dias. Do outro lado do Capitólio, progressistas se alinharam para desafiar a presidente da Câmara de Deputados, Nancy Pelosi, opondo-se a um projeto de infraestrutura bipartidário agendado para votação na quinta-feira, potencialmente colocando em risco a agenda econômica de Biden. Para fechar a terça-feira, o índice S&P 500 caiu 2%, a pior queda desde maio.
Quanto mais o impasse se prolongar, maior será o risco de uma narrativa de uma nação quebrada com um presidente sem sorte. Biden, apesar de muitas reuniões a portas fechadas e telefonemas, tem estado amplamente ausente da batalha pública sobre seu próprio plano econômico.
Biden e democratas no Congresso têm um caminho plausível, e até provável, além de um momento político perigoso. No Congresso, os confrontos costumam aumentar justo antes de um acordo, e ninguém é melhor em conseguir um objetivo do que Pelosi. O dinheiro inteligente de Wall Street mantém sua confiança na solvência dos EUA. E a perspectiva de que as vacinas possam ser expandidas dentro de semanas para milhões de crianças poderia controlar a pandemia, ou pelo menos as preocupações que mantêm muitos pais em trabalho remoto e enfraquecem a recuperação econômica.
Na quarta-feira, democratas do Senado buscam aprovar um projeto provisório para evitar a paralisação do governo após o fim do ano fiscal federal em 30 de setembro, embora sem uma cláusula para aumentar o limite da dívida federal.
A Casa Branca rejeita qualquer ideia de que Biden seja um espectador do drama. A secretária de imprensa, Jen Psaki, apontou reuniões na terça-feira do presidente com senadores democratas moderados como Joe Manchin, de West Virginia, e Kyrsten Sinema, do Arizona, e disse que seus assessores seniores concluíram mais de 260 “compromissos” com parlamentares na agenda econômica.
“O presidente está apenas tentando unir o partido para cruzar a linha de chegada”, disse Psaki.
Mas Biden já sente o impacto. A aprovação de seu governo medida pelo Gallup Poll caiu 13 pontos desde junho, estabelecendo uma nova mínima de 43% em pesquisa encerrada em 17 de setembro, em meio à percepção de que não tem mostrado a competência que ajudou a distingui-lo de seu predecessor errático.
Ao mesmo tempo, a confiança do consumidor dos EUA caiu em setembro pelo terceiro mês consecutivo, sugerindo preocupação com a variante delta do coronavírus e com os preços mais altos. A economia dá sinais de forte desaceleração nas últimas seis semanas. O GDPNow do Federal Reserve de Atlanta, uma estimativa de crescimento econômico baseada em dados em tempo real, caiu de um ritmo anual de 6,2% no fim de agosto para 3,2% na segunda-feira.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou na terça-feira que o governo ficará sem dinheiro até 18 de outubro, a menos que o Congresso tome uma medida, aumentando a urgência para a aprovação da legislação.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também: Mercado aproveita barganhas e alívio toma conta do humor
©2021 Bloomberg L.P.