‘Stonks’ da B3 desabam até mais de 8% com choque na Nasdaq

Papéis novatos do setor de tecnologia sofrem com a mudança de cenário para os juros americanos e incertezas com a crise de energia na China

Neologismo em inglês para ação que perdeu valor e virou meme
28 de Setembro, 2021 | 01:55 PM

São Paulo — Os investidores castigam as novatas da B3 nesta terça-feira (28), reagindo à liquidação dos papéis do setor de tecnologia na Nasdaq e ao pessimismo com a crise de energia na China. Conhecidas como “stonks”, as ações que prometiam ganhos rápidos e expressivos por explorar novos nichos do mundo digital renovam suas mínimas históricas, ampliando as perdas acumuladas desde a conclusão de suas ofertas iniciais (IPO).

O estopim para a queda de mais de 2% do principal índice da Nasdaq é atribuído ao salto nos rendimentos dos títulos americanos para uma máxima em 18 meses. As ações de tecnologia, descritas como de alto crescimento, sofrem mais porque seus valores tendem a refletir a perspectiva de lucros futuros. Com as previsões de juros mais altos nos EUA devido às pressões inflacionárias, a tendência é a correção negativa de suas cotações.

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Os juros dos treasuries seguem em alta diante da expectativa de que o Fed, o banco central norte-americano, poderá começar a retirar os estímulos monetários em novembro”, comentou um relatório do Bradesco BBI, enviado hoje aos clientes.

Além disso, o mercado passou a embutir nos preços das ações o pessimismo com a crise de energia na China e seus desdobramentos para a economia mundial. Sem fornecimento de energia garantido, há o temor de impacto na produção industrial global com aumento dos custos para empresas.

Com a piora do cenário macroeconômico, que se deteriora desde o começo do segundo semestre, as ações estreantes são mais descontadas, porque apresentam mais incertezas, já que o acompanhamento dessas empresas pelos analistas tem pouca duração e, na hora de choques externos, os investidores tendem a evitar apostas mais arriscadas e correr para ativos considerados mais seguros.

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Segundo levantamento da analista e sócia da Nord Research, Danielle Lopes, 56% das ações de empresas que fizeram IPO em 2021 registram retorno negativo desde a estreia. Dos 46 papéis analisados, apenas 4% apresentam rentabilidade acima de 50%.

Confira as mínimas de 12 “stonks” brasileiras

#1 ClearSale (CLSA3)

IPO: R$ 25 (30/7/2021)

Hoje: R$ 22,44, queda de 8,40%

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#2 Mosaico (MOSI3)

IPO: R$ 19,80 (5/2/21)

Hoje: R$ 11,07, queda de 8,28%

#3 Méliuz (CASH3)

IPO: R$ 10 (5/11/20)

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Hoje: R$ 6,07 *, queda de 7,89%

(*) papel desdobrado na proporção de 1 para 6, desde dia 9 deste mês

#4 Infracommerce (IFCM3)

IPO: R$ 16 (4/5/2021)

Hoje: R$ 16,18, queda de 7,54%

#5 Bemobi (BMOB3)

IPO: R$ 22 (10/2/21)

Hoje: R$ 17,17, queda de 5,13%

#6 Neogrid (NGRD3)

IPO: R$ 4,50 (17/12/2020)

Hoje: R$ 4,62, queda de 4,93%

#7 GetNinjas (NINJ3)

IPO: R$ 30 (17/5/21)

Hoje: R$ 11,52, queda de 4,15%

#8 TC (TRAD3)

IPO: R$ 9,50 (28/7/21)

Hoje: R$ 6,39, queda de 4,05%

#9 Mobly (MBLY3)

IPO: R$ 21 (5/2/21)

Hoje: R$ 7,64, queda de 4,02%

#10 Locaweb (LWSA3)

IPO: R$ 17,25 (6/2/2020)

Hoje: R$ 24,50, queda de 3,80%

#11 Enjoei (ENJU3)

IPO: R$ 10,25 (9/11/20)

Hoje: R$ 4,46, queda de 3,69%

# 12 Westwing (WEST3)

IPO: R$ 13 (11/2/21)

Hoje: R$ 5,57, queda de 3,46%

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.