Petróleo Brent supera US$ 80 em meio à crise global de energia

Salto aumenta a pressão inflacionária sobre a economia global enquanto os preços das commodities de energia disparam

Disparada do petróleo deve pressionar ainda mais os preços da gasolina
Por Saket Sundria e Alex Longley
28 de Setembro, 2021 | 08:17 AM

Bloomberg — O barril de petróleo Brent foi negociado acima de US$ 80 o barril, em mais uma evidência da crise global de energia e sinais de que a demanda supera a oferta e esgota os estoques.

A cotação de referência internacional ampliou o recente período de ganhos e atingiu o maior nível desde outubro de 2018. O barril de petróleo West Texas Intermediate também subiu.

O rali do petróleo é acompanhado por uma série de previsões altistas para os preços de bancos e operadores, projeções de aumento da demanda no inverno do hemisfério norte e sinais de que o setor não está investindo o suficiente para garantir a oferta. O salto para US$ 80 aumenta a pressão inflacionária sobre a economia global quando os preços das commodities de energia disparam. O gás natural europeu, as licenças de carbono e a eletricidade alcançaram novas máximas na terça-feira, com poucos sinais de desaceleração do rali.

Veja mais: Guedes promete privatizar Petrobras em dez anos

PUBLICIDADE

O petróleo tem se recuperado do colapso dos preços no ano passado em meio aos cortes recordes na produção da Opep+ e recuperação econômica global que impulsionou a demanda. Embora a Opep+ agora esteja desacelerando os cortes, algumas tradings e analistas têm dúvidas sobre o quão rápido a coalizão pode repor os barris retirados do mercado. O Goldman Sachs diz que as cotações podem chegar a US$ 90 este ano com a contínua queda dos estoques.

“Os mercados de petróleo estão se acelerando à medida que o persistente déficit de oferta reduz os estoques para o nível mais baixo em décadas”, disse Amarpreet Singh, analista do Barclays.

Grande parte do cenário para o resto do ano deve depender da intensidade do inverno no hemisfério norte. Analistas e consultores publicaram uma série de estimativas de quanto a demanda poderia ser impulsionada pelo aumento dos custos do gás e baixas temperaturas, oscilando de algumas centenas de milhares de barris por dia a 2 milhões.

O petróleo também mostra recuperação apesar do combustível de aviação - um componente-chave da demanda - permanecer afetado pela pandemia. No entanto, outros segmentos de consumo mostram forte alta, como combustíveis usados para fabricar plástico e aqueles usados em processos de manufatura, como o diesel. O consumo global de petróleo deve voltar aos níveis pré-pandemia no terceiro trimestre de 2022, disse o presidente da BP Singapore, Eugene Leong, disse em entrevista.

Com os preços agora em US$ 80 o barril, os valores futuros também sobem. O WTI para entrega em 2022 é negociado perto de US$ 71 o barril. Os ganhos dos preços futuros, em teoria, tornam mais atraente para produtores nos EUA fixarem os volumes de produção, mas o crescimento tem sido limitado este ano, uma vez que investidores pressionam por retornos aos acionistas em vez de oferta mais elevada.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Disparo nos preços do petróleo adiciona volatilidade aos mercados internacionais