Bolsas americanas derretem e Ibovespa perde 113 mil pontos

Tom negativo se agravou após secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, alertar que o departamento pode ficar sem dinheiro

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São Paulo — As bolsas no exterior têm forte baixa levando junto o principal índice de São Paulo, com a crise de energia que afeta o globo pesando no sentimento dos ativos, com investidores receosos pela recuperação da economia no pós-pandemia. As empresas de tecnologia nos Estados Unidos continuam a sofrer o impacto da venda de ações e são os maiores recuos deste início de sessão. A Nasdaq tem forte baixa e vive um sell-off de ações do segmento, pressionando inclusive ações brasileiras como StoneCo, PagSeguro e XP Inc.

Enquanto isso, o Federal Reserve, o banco central americano, se prepara para desfazer o estímulo da era da crise, solicitando uma recalibragem dos rendimentos dos títulos. Agora há pouco, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, alertou que seu departamento ficará sem dinheiro por volta de 18 de outubro, a menos que uma ação legislativa seja tomada para suspender ou aumentar o teto da dívida federal americana.

“Agora estimamos que o Tesouro provavelmente esgotará suas medidas extraordinárias se o Congresso não tiver agido para aumentar ou suspender o limite da dívida até 18 de outubro”, disse Yellen em uma carta enviada na terça-feira (28) aos líderes do Congresso.

  • Perto das 11h, o Ibovespa caía 1,15%, a 112.279 pontos
  • O dólar subia 0,31%, a R$ 5,413, assim como a curva de juros. O DI para janeiro próximo subia 3,5 pontos-base, para 7,190%. O vencimento para janeiro de 2027 subia 8 pontos-base, para 10,640%
  • Nos EUA, o Nasdaq caía 1,96%, o S&P 500, 1,35%, e o Dow Jones, 0,94%, enquanto os títulos do Tesouro americano subiam para 1,558% - a maior alta em três meses.
  • O movimento pressiona também ações brasileiras do setor de tecnologia como as das credenciadoras de pagamentos StoneCo e PagSeguro, ambas negociadas na Nasdaq. As ações da Stone recuam 4,5% para US$ 36,58, enquanto as da PagSeguro têm baixa de 5,1% para US$ 53,49, na maior baixa diária em 12 semanas. As ações da XP Inc, também na Nasdaq, recuam 3,36% e são negociadas a US$ 42,02.

Contexto

Os investidores mostraram apetite reduzido pela dívida dos EUA desde que o Fed sinalizou na semana passada que a redução gradual pode começar em novembro. O presidente do Fed, Jerome Powell, depõe hoje ao Senado ao lado da secretária do Tesouro, Janet Yellen. Em seu texto, entregue com antecedência, Powell disse esperar que a pressão da inflação permaneça alta nos próximos meses antes de diminuir.

Além disso, a crise energética global agrava a busca por proteção, entre desabastecimento de combustíveis no Reino Unido e problemas com a safra brasileira por conta do clima.

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Por aqui, as ações da Petrobras também são acompanhadas de perto. Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil planeja privatizar a petroleira dentro de uma década, como parte de um esforço mais amplo para tornar o país mais competitivo. Nesta terça (28), os papéis da estatal estão entre as maiores altas do Ibovespa, com o preferencial caindo 1,51%.

Crise de energia

Temperaturas mais baixas do que o normal no inverno no hemisfério norte podem deixar a Europa quase sem gás natural armazenado, enquanto também compete por suprimentos com a Ásia, segundo a BloombergNEF.

Enquanto isso, o barril de petróleo Brent foi negociado acima de US$ 80 o barril, em mais uma evidência da crise global de energia e sinais de que a demanda supera a oferta e esgota os estoques.

Já na China, cortes de energia na aceleram a redução da produção nas siderúrgicas e tiram força do minério de ferro, o que voltou a levantar dúvidas sobre a demanda pela matéria-prima.

Os futuros em Singapura chegaram a cair 7,4%, eliminando os ganhos da segunda-feira, já que a crise de energia na China, que lidera a produção global de aço, restringe as atividades industriais.

--Com informações da Bloomberg News

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