Europa poderia ficar quase sem gás no inverno, diz BNEF

Preços do combustível para aquecimento e geração de energia devem continuar a subir, corroendo a demanda

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Bloomberg — Temperaturas mais baixas do que o normal no inverno no Hemisfério Norte podem deixar a Europa quase sem gás natural armazenado, enquanto também compete por suprimentos com a Ásia, segundo a BloombergNEF.

Temperaturas abaixo da média drenariam os estoques de gás da União Europeia para apenas 4% da capacidade até o fim do inverno, de acordo com o relatório Global Gas Winter Outlook da BNEF publicado na terça-feira. Em tal cenário, os preços do combustível para aquecimento e geração de energia, já em níveis recordes, continuariam a subir, corroendo a demanda à medida que consumidores migram para combustíveis alternativos.

“Um inverno mais frio do que o normal poderia elevar os preços do gás ainda mais e prolongar o rali nas duas regiões até o próximo inverno”, disseram analistas da BNEF como Fauziah Marzuki e Andrew Hill.

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Um inverno rigoroso agravaria o impacto econômico dos preços já em alta do gás natural e do aumento dos custos de energia na Europa e na Ásia. Governos alertam sobre o risco de mais blecautes e paralisação de fábricas.

A oferta limitada da Rússia e a maior competição por cargas de gás natural liquefeito encolheram os estoques antes da queda das temperaturas. A Europa se aproxima do inverno com armazenamento total de apenas 71%, o que se compara à média de cinco anos de 92%.

O norte da Ásia - principalmente a China - precisaria de 3,8 milhões de toneladas extras de GNL para manter casas e empresas aquecidas, o que resultaria em menos suprimentos disponíveis para a Europa, de acordo com o relatório. Mas os EUA, o maior fornecedor, têm pouca margem para aumentar os embarques, pois suas usinas de exportação já operam perto de da capacidade total. Se os fornecedores de gás não conseguirem atender à demanda extra, os clientes “correrão em busca de carvão e petróleo”, disse a BNEF.

A capacidade de carvão pode estar esgotada no Japão e até mesmo em países da Europa. Os maiores preços do gás e do carvão já se refletem no mercado de óleo combustível.

“O racionamento de energia será um grande temor, mas as restrições à demanda atingirão a indústria antes de edifícios residenciais e comerciais na maioria dos mercados de gás”, diz a BNEF. “Informações sobre cortes de energia na China têm mais a ver com a escassez de carvão, mas, para o gás, o risco está na demanda de aquecimento das residências.”

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Um inverno rigoroso esgotaria o armazenamento de gás na Ásia e na Europa a ponto de manter os dois mercados competindo por cargas de GNL até o próximo verão e, talvez, o inverno seguinte, disse a BNEF.

A BNEF projeta queda dos estoques de gás dos EUA ao longo do próximo ano, apesar do cenário de preços mais altos, com 64% de chance de que as reservas terminem abaixo da média de cinco anos no final do inverno.

Os preços mais altos em sete anos não conseguiram elevar a produção aos níveis necessários para compensar mais exportações de gás. Produtores limitam os investimentos, pois optaram por redirecionar o caixa para a redução das dívidas e aumentar dividendos aos acionistas.

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