Bloomberg — As autoridades chinesas têm tomado medidas nos últimos meses para reprimir as criptomoedas e os efeitos disso têm variado. Contudo, na sexta-feira (24), fizeram questão de desfazer quaisquer dúvidas sobre suas intenções.
Na mais extrema e inequívoca declaração até agora, as autoridades afirmaram, no dia 24 de setembro, que as transações com criptomoedas na China estão proibidas e que irão erradicar a mineração de ativos digitais. Quase imediatamente, a popular bolsa de criptomoedas Huobi deixou de aceitar registros de novos usuários com número de telefone da China continental e ainda, em um comunicado no domingo, informou que “encerraria gradualmente as contas de usuários existentes na China continental” até 31 de dezembro.
“Embora isso não seja uma surpresa, já que a China já ‘baniu’ a circulação de criptomoedas muitas vezes no passado, desta vez não há ambigüidade”, declarou Henri Arslanian, sócio e chefe dos serviços de criptomoeda da PwC, no Twitter. “Todos os tipos de transações e serviços que envolvam criptomoedas estão proibidos na China. Não há espaço para discussão nem área cinzenta. "
O Banco Popular da China, PBOC, emitiu sua missiva de sexta-feira junto com outras nove instituições, incluindo a suprema corte, a polícia e a agência reguladora da internet, além do órgão fiscalizador de valores mobiliários. Trata-se de um sinal de que o controle poderá vir de todos os cantos. A China fechou uma antiga brecha que permitia aos cidadãos manter contas em bolsas de outros países, como a Huobi, e proibiu as plataformas de contratar pessoal local para funções como marketing, tecnologia e pagamento, limitando sua capacidade de atender aos clientes chineses.
Os reguladores também especificaram que o Tether, uma stablecoin, junto com Bitcoin, Ether e outras criptomoedas, não é considerada moeda fiduciária. É um novo reconhecimento do papel que as stablecoins desempenham nas transações cripto-cripto, e um sinal de que os reguladores têm se interessado por essa atividade mais recentemente, embora ela possa não afetar o yuan diretamente.
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O Bitcoin caiu até 8,9% na sexta-feira (24), para cerca de US$ 40.700, mas se recuperou no fim de semana. Ele estava sendo negociado acima de US$ 43.000 às 8h10 de segunda-feira (27), em Hong Kong. Alguns entusiastas das criptomoedas observaram que as tentativas anteriores de banir esses ativos em diferentes ocasiões precederam ganhos em Bitcoin.
Tradução - #China banindo #Bitcoin é SEMPRE um grande CATALIZADOR para uma corrida no mercado de alta por $ BTC. Quem se lembra da proibição de transações de bitcoin na China em setembro de 2017? A alta do mercado que se seguiu foi ÉPICA! Fico feliz em ver o #PBOC ajudando a permitir que a história do Bitcoin se repita em 2021 - Bobby Lee - Ballet: A carteira MAIS FÁCIL do mundo! (@bobbyclee) 24 de setembro de 2021
A principal agência de planejamento econômico da China pediu às autoridades locais que investigassem o uso anormal de energia, exigissem o pagamento de empréstimos e eliminassem o tratamento fiscal preferencial para acelerar o fechamento das operações de mineração.
Muitos mineiros já saíram da China, que, em abril, já tinha participação de 46% na taxa global de hash, uma medida do poder de computação usado na mineração e no processamento, segundo o Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index.
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Desde o início das ações de coibição, a taxa hash caiu em mais da metade desde o pico, que ocorreu entre meados de maio e o início de julho, de acordo com dados do Blockchain.com. Sua recuperação indica que os mineiros voltaram, seja dentro ou fora da China. Imediatamente após o anúncio de sexta-feira, a taxa de hash permaneceu bastante estável.
Considerando que a posse de criptomoedas ainda não foi decretada ilegal, como o porte de drogas, Bobby Lee, fundador do Ballet, carteira de armazenamento de criptomoedas, disse que ainda não se sabe se as regras mais recentes serão mais efetivas do que as anteriores, ou o que isso irá significar para as pessoas que possuem esse tipo de ativo.
“O PBOC afirmou claramente desta vez que as transações pessoais não receberiam mais proteção legal”, segundo Lee. “Ou seja, se houver disputas ou fraude, às vítimas de transações pessoais não podem mais se refugiar na Justiça.”
Os tribunais na China já reconheceram a criptomoeda como propriedade, mas Arslanian da PwC se pergunta se isso irá mudar. Os clientes da Huobi terão que estabelecer contas em outro lugar antes do final do ano, o que pode se tornar mais difícil se outras bolsas seguirem a Huobi e a Binance, que também não permite que os usuários criem contas com números do continente chinês.
Em uma postagem no Twitter, Arslanian disse que vale a pena observar até onde vão os usuários de criptografia da China para contornar as novas restrições. Será difícil interditar o acesso a plataformas DeFi, interromper o comércio peer-to-peer de Bitcoin ou impedir que os residentes comprem criptomoedas no exterior, afirmou ele.
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