Covid reduz em dois anos expectativa de vida de homens nos EUA

Mortes entre homens em idade produtiva foram as que mais contribuíram para o declínio da expectativa de vida no país, diz Universidade de Oxford

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Bloomberg — Nos Estados Unidos, homens perderam 2,2 anos de expectativa de vida no ano passado por causa da Covid-19, a maior queda entre 29 países em um estudo sobre o impacto da pandemia na longevidade.

As mortes entre homens em idade produtiva foram as que mais contribuíram para o declínio da expectativa de vida nos EUA, segundo pesquisa liderada por demógrafos da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Apenas Dinamarca e Noruega, que se destacaram no controle dos surtos, evitaram queda da expectativa de vida em ambos os sexos, de acordo com estudo publicado no domingo na revista International Journal of Epidemiology.

Antes da pandemia, a expectativa de vida no nascimento aumentava continuamente na maioria dos países durante gerações. Mas a Covid-19 “desencadeou uma crise global de mortalidade”, cuja magnitude não era vista desde a Segunda Guerra Mundial na Europa Ocidental ou a dissolução da União Soviética na Europa Oriental, disseram os pesquisadores.

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O estudo é o primeiro a usar um extenso conjunto de dados demográficos de 29 países que representam a maior parte da Europa, Chile e Estados Unidos, para examinar o impacto da pandemia na expectativa de vida em 2020, segundo o pesquisador que coordenou o estudo, José Manuel Aburto, bolsista da Newton International no departamento de sociologia de Oxford, e coautores. O impacto da Covid-19 na expectativa de vida pode ser ainda maior em países menos desenvolvidos que não foram incluídos na pesquisa.

“Novas evidências de países de baixa e média renda, como Brasil e México, que foram devastados pela pandemia, sugerem que as perdas na expectativa de vida podem ser ainda maiores nessas populações”, disseram, observando que a queda da expectativa de vida também pode variar entre subgrupos dentro dos países.

A expectativa de vida nos EUA registrou a maior queda em mais de sete décadas no ano passado, em 1,5 ano, para 77,3 anos, segundo estudo divulgado em julho pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. A pesquisa revelou que o número desproporcional de vítimas da pandemia entre comunidades não brancas também ampliou as desigualdades existentes na expectativa de vida entre brancos e negros americanos.

No mundo todo, mais de 231,8 milhões de casos de Covid-19 e 4,7 milhões de mortes foram registrados, embora pesquisadores digam que o número oficial está muito abaixo do real. A previsão é que os EUA terminem o ano com 777 mil casos de Covid no total da pandemia, segundo modelo publicado este mês pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington.

Os pesquisadores alertaram contra a visão da Covid-19 como “um choque temporário na expectativa de vida”.

Há evidências de danos potenciais persistentes da chamada Covid longa e cuidados prolongados devido a outras doenças, agravados pelos efeitos na saúde do aumento da desigualdade devido à ruptura social e econômica causada pela pandemia.

“As cicatrizes da pandemia de Covid-19 na saúde da população podem ser mais duradouras”, disseram.

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