São Paulo — Os veículos elétricos deverão substituir os movidos a combustíveis fósseis muito antes do previsto e o Brasil não ficará fora dessa revolução. As vendas de carros com motores não poluentes nos EUA, Europa e China devem superar os convencionais já em 2033, cinco antes antes do esperado pelo setor automotivo, segundo o estudo mais recente da consultoria EY, que será publicado pela Agência EY na próxima semana.
O Brasil, que responde por uma fatia expressiva da indústria automobilística global, deverá acompanhar essa tendência. Até 2030, entre 15% e 20% dos veículos no país serão elétricos, segundo projeções da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Hoje, há apenas 45 mil veículos eletrificados rodando o país, considerando também os híbridos (com motor a combustão e elétrico), de acordo com a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), com base nos registros do Renavam. No ano passado, foram vendidos 19.745 unidades eletrificadas - cerca de 1% do total comercializado no país.
Segundo Marcelo Frateschi, sócio-líder da EY para o setor automotivo no Brasil, o principal desafio é reduzir o preço final dos veículos elétricos para o consumidor. Hoje, um modelo elétrico chega a custar o dobro de um equivalente convencional. “A tendência é que os elétricos se tornem mais baratos, com o avanço da tecnologia e maior produção, o que reduz os custos”, diz o consultor.
No mundo todo, o setor tem conseguido incentivos tributários pelos ganhos ambientais proporcionados pela não emissão de poluentes. Segundo o estudo da EY, pessoas que, antes da pandemia, estavam dispostas a substituir um automóvel próprio por outras formas de mobilidade, como o compartilhamento e o transporte público, estão reavaliando sua posição após a Covid-19 e agora planejam adquirir ou manter o automóvel individual. Cerca de 30% dessas pessoas pretende dar prioridade aos motores elétricos na próxima aquisição.
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Além dos preços, o avanço dos veículos elétricos no Brasil depende de fatores como fornecimento e custo da energia elétrica, melhoria da infraestrutura para carregamento das baterias, particularmente nas estradas, e incentivos governamentais para a produção e aquisição de veículos elétricos. “Uma das questões a serem resolvidas é o custo da bateria, que ainda é muito alto, e o descarte correto do ponto de vista ambiental”, disse Frateschi.
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Veículos pesados e infraestrutura urbana
A locadora de veículos Movida recentemente adquiriu 90 veículos com motores elétricos para frota de aluguel. “O carro elétrico é para quem deseja aliar os benefícios da locação com uma nova experiência de locomoção, que não deixa nada a desejar para um carro a combustão”, disse o diretor de planejamento e receita da Movida, Rafael Tamanini.
No segmento de veículos pesados como ônibus e caminhões, os eletrificados também ganharam espaço. A fabricante de ônibus Marcopolo já entregou 375 unidades elétricas e híbridas para o Brasil e países como Argentina, Austrália e Índia. Deste total, 75 estão em cidades brasileiras como São Paulo e São José dos Campos. Segundo a empresa, outros 400 coletivos elétricos devem ser entregues até o fim deste ano.
Na cidade de São Paulo, os veículos elétricos já são utilizados, por exemplo, na limpeza urbana. Segundo a Prefeitura, oito caminhões de coleta de lixo movidos a eletricidade foram incorporados ao departamento de limpeza urbana. Triciclos elétricos são usados para recolher sacos de lixo nos calçadões da região central.
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Segundo Frateschi, os consumidores, em especial os mais jovens, devem optar pela mobilidade elétrica. “Achamos que seria algo mais para o futuro, mas o mercado de veículos elétricos no Brasil está se antecipando e crescendo em progressão geométrica”, disse.
“Uma mistura de mudanças nas atitudes do consumidor, regulamentações ambiciosas com foco no clima e evolução da tecnologia está prestes a mudar o cenário da compra de veículos para sempre. Embora a indústria automotiva tenha começado a abraçar mais plenamente o movimento em direção à eletrificação, o impacto dessa mudança sísmica está chegando mais cedo do que muitos esperavam”, afirma Randall Miller, líder global de Advanced Manufacturing & Mobility da EY.
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