São Paulo — A Argentina e o Chile são tradicionalmente os destinos preferidos dos turistas brasileiros na América do Sul, mas a Colômbia está de olho nos seus vizinhos que falam português na retomada das viagens depois do fechamento de fronteiras provocado pela pandemia da Covid-19. A ProColombia, agência de promoção turística oficial da Colômbia, negocia com a Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) um projeto que prevê a realização de aulas de especialistas para ensinar aos hermanos sobre como atrair mais visitantes do Brasil.
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“Estamos ainda negociando com a ProColombia, que é a Embratur de lá. Eles divulgam a Colômbia internacionalmente e ajudam a promover o mercado de lá. Estamos formatando um projeto especificamente para eles. A ideia é dar várias aulas com especialistas da Braztoa e do mercado para que eles desenvolvam produtos para o mercado brasileiro. Eles querem aprender como receber bem os turistas brasileiros e saber como eles agem e se comportam quando viajam”, diz Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa, em entrevista à Bloomberg Línea.
Ele afirma que os brasileiros têm um perfil diferente na comparação com outros países. “O brasileiro gosta de serviço de qualidade, não quer se estressar de forma alguma, adora fazer compras e gosta de coisas bonitas que eles possam mostrar nas redes sociais. O brasileiro adora publicar suas experiências de viagem nas mídias sociais”, diz Nedelciu.
Mas não é assim com todo mundo? O presidente da Braztoa compara com os visitantes japoneses. “O japonês é diferente. Ele gosta de viajar em grupo e gasta muito pouco. O brasileiro, pelo contrário. O pessoal de Miami está desesperado para que o brasileiro volte logo em novembro, porque eles compram mais”.
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Não há prazo para a decisão final sobre o início do projeto com a ProColombia, segundo Nedelciu. “Por mim seria o mais rápido possível, mas tudo que é governamental me recuso a dar um prazo, pois pode ser que nem saía”, diz o presidente da Braztoa.
A Colômbia reabriu as fronteiras para brasileiros no último dia 13 de maio, sem exigir mais teste negativo de Covid-19. O CIVP (Certificado Internacional de Vacinação) para a febre amarela faz parte dos protocolos para brasileiros que viajarem a turismo à Colômbia. É recomendável consultar o site oficial de turismo colombiano (opções em espanhol, inglês e francês; não há em português) para checar a atualização dos protocolos.
Antes da pandemia, a Colômbia registrava a chegada de pelo menos 200 mil turistas brasileiras por ano. Bogotá, sua capital, é o principal portão de entrada, além dos aeroportos de Cartagena, Rionegro (que serve Medellín) e Cali.
Grupo de trabalho
Antes do início da pandemia em março do ano passado, o Ministério do Turismo do Brasil criou, no dia 14 de janeiro, junto a Embratur e ao governo da Colômbia, um grupo de trabalho para discutir formas de aumentar o fluxo de turistas colombianos no Brasil e de brasileiros no país vizinho. Entre as propostas apresentadas na ocasião, estavam a promoção de festivais, abertura da embaixada colombiana em Brasília para promover a cultura e a gastronomia aos brasileiros e parceira com influenciadores dos dois países.
O Anuário Estatístico do Ministério do Turismo apontou que os turistas colombianos procuram os destinos brasileiros principalmente para sol e praia, além de turismo de aventura e ecoturismo. O levantamento mostrou também que o receptivo desses turistas se concentra no Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 2019, houve o registro da chegada de 126.595 turistas colombianos ao Brasil, número inferior ao do ano anterior (131.596), segundo o Anuário Estatístico. Na América do Sul, Argentina mandou mais turistas para o Brasil (1,9 milhão), seguida pelo Paraguai (406.526), Chile (391.689), Uruguai (364.830) e Bolívia (132.070).
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