Bluefit atrasa cronograma de IPO e pode adiar estreia terça na B3

Rede de academias, que segue o caminho da rival SmartFit, avalia remodelar oferta pública após deixar de fixar preço inicial do papel

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São Paulo — A rede paulista de academias Bluefit pode adiar a estreia de suas ações na B3, prevista para a próxima terça-feira (28). A companhia atrasou a data definida para o encerramento do bookbuilding e avalia remodelar a oferta pública inicial (IPO), aguardando uma melhora das condições do mercado, segundo uma fonte a par do processo, que preferiu o anonimato, porque essas informações ainda não são públicas. A expectativa é que um anúncio oficial sobre o assunto seja feito apenas na manhã da próxima segunda-feira (27).

O cronograma inicial da operação, que tem a XP como coordenadora líder, previa para ontem a fixação do preço por ação, após o fim das apresentações para potenciais investidores (roadshow). Só que não houve essa definição. Quem reservou o papel não foi informado ainda pelas corretoras envolvidas na operação sobre o preço que terá de desembolsar nem a quantidade de ações no rateio.

A Bluefit tinha definido a faixa indicativa entre R$ 12,25 e R$ 15,25 e admitido até que o preço do papel (código BFFT3) poderia ser fixado abaixo do piso. Concorrente da Bluefit, a SmartFit é a única do setor fitness listada na Bolsa desde o último dia 14 de julho. Ontem, SMFT3 fechou em leve alta de 0,11%, cotada a R$ 23,53, acumulando perda de 14,41% desde seu IPO, que precificou o papel a R$ 26. No primeiro pregão, disparou 34,78%, a R$ 31.

Caso decida adiar sua listagem na Bolsa será a segunda companhia a fazer isso neste mês. A farmacêutica paulista Althaia, que chegou a definir o próximo dia 27 para sua estreia, interrompeu seu IPO. Neste ano, até o último dia 2 de setembro, a B3 ganhou 45 novas companhias, totalizando 454 empresas com ações negociadas no pregão. Ambas buscam a adesão ao Novo Mercado, segmento de melhores práticas de governança corporativa.

A piora das condições do mercado de capitais no segundo semestre já levou outras companhias a engavetarem suas ofertas iniciais. No começo do mês passado, a Athena Saúde, operadora de planos de saúde, justificou sua desistência em comunicado, citando “a deterioração das condições dos mercados brasileiro e internacional que impactou diretamente os termos e condições da oferta pretendida”.

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Mais exigentes na hora de reservar papéis de primeira viagem, investidores estrangeiros e institucionais (fundos, seguradoras e assets) resistem a um “valuation” considerado exagerado, ou seja, os preços fixados nas ofertas iniciais de ações tendem mais ao piso do que ao teto da faixa indicativa dos prospectos.

Sem citar suas fontes, o jornal Valor informou ontem que houve demanda pelos papéis da Bluefit no novo preço, de R$ 9,20, ou seja, um valor 25% menor do que o definido como piso da faixa indicativa (R$ 12,25). Já o jornal O Estado de S.Paulo apurou, ontem, com fontes que a “Bluefit decidiu esperar mais algumas semanas para reunir uma base mais firme de potenciais compradores de seus papéis”.

A última companhia listada na B3 foi o Grupo Vittia, do segmento de defensivos e fertilizantes, que concluiu seu IPO no último dia 2, ampliando a representatividade do agronegócio na Bolsa.

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