Barcelona, Espanha — Depois de uma sessão em alta, o mercado reduz sua exposição antes do fim de semana. Parte da cautela guarda relação com a crise financeira do grupo China Evergrande, que ontem não pagou os US$ 83,5 milhões devidos aos titulares de bônus denominados em dólar. Tanto as bolsas europeias como os futuros de ações em Nova York operavam no negativo.
O mercado também dirige o foco à reação dos bancos centrais mundiais ante a persistência da inflação. Basicamente, querem saber como será o equilíbrio entre o controle inflacionário e o estímulo econômico em um momento de incertezas com a variante delta do Covid-19.
Os analistas se perguntam até quando o Banco Central Europeu (BCE) seguirá com seu programa de recompra de títulos para ajudar a turbinar a economia. Esta semana, o Federal Reserve (Fed) sinalizou que em novembro já deve iniciar a redução da compra de ativos, embora tenha deixado a porta aberta para estender o estímulo se a economia precisar.
Por outro lado, outras autoridades monetárias enunciaram uma atitude mais defensiva frente à alta dos preços.
- O Banco Central da Noruega se converteu no primeiro dos bancos centrais a inaugurar uma subida dos juros.
- Já a autoridade monetária do Reino Unido sinalizou que poderá elevar as taxas já em novembro caso a inflação supere os 4%, pressionada pelos preços de energia – ainda que seus membros não tenham entrado em um consenso sobre a necessidade de encerrar antecipadamente seu programa de recompra de ativos, para o fim deste ano.
Em tempo: domingo (26) ocorrem as eleições alemãs, cujos resultados desempenharão um papel importante tanto na política interna como na da União Europeia. O país estará sobre nova gestão após quatro mandatos da chanceler Angela Merkel. Com a representação proporcional, pode demorar semanas ou meses até que um novo governo seja formado. Enquanto isso, o governo existente se encarregará da gestão.
Depois de três sessões consecutivas de alta, os mercados acionários na Europa se comportam desta maneira:
- o Stoxx 600 Europe Index caía 0,68%, para 464 pontos às 11h50 CEST (6:50h no horário de Brasília)
- o alemão DAX perdia 0,67%, para 15.538 pontos
- em Paris, o CAC 40 recuava 0,79%, situando-se nos 6.648 pontos
- o londrino FTSE 100 declinava 0,23%, aos 7.062 pontos
- o IBEX 35 retrocedia 0,05%, para 8.872 pontos
Futuros de ações nos EUA
No radar dos traders que operam nos EUA, estão as vendas de novas casas em agosto e o encontro entre o presidente do Fed Jerome Powell, o governador Bowman e a vice-presidente Clarida, que discutem a recuperação pós-pandêmica.
- o S&P 500 futuro baixava 0,27% às 11h50 CEST (6:50h no horário de Brasília), para os 4.426 pontos
- os contratos indexados ao índice Dow Jones caíam 0,18%, somando 34.581 pontos
- os contratos futuros indexados ao índice Nasdaq retrocediam 0,41%, para 15.241 pontos
Como fechou Wall Street
O S&P fechou com 1,21% de alta (4.448 pontos), enquanto o Dow Jones Industrial subiu 1,48% (34.764 pontos). Já o Nasdaq 100 encerrou o dia com 1,04% de valorização, voltando a superar os 15 mil pontos (15.052 pontos).
Mercados asiáticos
O índice de Xangai caiu 0,80%, para os 3.613 pontos. No Japão, Nikkei 225 voltou do feriado com 2,06% de valorização, aos 30.248 pontos. Nos mercados de Hong Kong, o Hang Seng terminou com baixa de 1,30%, situando-se nos 24.192 pontos.
O China Evergrande Group ainda não deu sinais sobre o pagamento de US$ 83,5 milhões em juros de títulos denominados em dólar que venceram ontem.
- As ações e títulos da Evergrande negociaram em baixa após uma alta de 17% na quinta-feira. Os papéis caíram 12% em Hong Kong, enquanto o China Evergrande New Energy Vehicle Group despencou 25%.
- O título em dólar de 8,25% da Evergrande, com vencimento em 2022, caiu US$ 0,024, para a US$ 0,296, de acordo com os preços compilados pela Bloomberg.
O silêncio da Evergrande acendeu o alerta do que poderia acontecer durante os próximos 30 dias, o período de carência da empresa antes de que qualquer inadimplência possa ser declarada. A gigante imobiliária, cujos ativos também abrangem bancos e empresas de mídia, tem dívidas totais de US$ 300 bilhões e enfrenta a possibilidade de default no pagamento de títulos.
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Confira o comportamento de outros mercados na manhã de hoje:
Petróleo
O petróleo volta a subir e já supera os US$ 73 por barril. Os estoques de petróleo bruto diminuíram da Europa aos EUA, mesmo com o aumento da oferta pela OPEP+. Espera-se um maior consumo de produtos petrolíferos pelo setor de geração de energia, em resposta ao incremento os preços do gás natural antes do inverno no hemisfério norte.
- em Nova York, os contratos futuros de petróleo subiam 0,25% às 11h50 CEST (6:50h no horário de Brasília), para US$ 73,47 o barril.
Moedas
- o euro caía 0,03%, para US$ 1,1736
- o iene valorizava-se 0,06%, para US$ 110,39
- a libra esterlina tinha 0,08% de depreciação, cotada a US$ 1,3708
Ouro
- o ouro futuro subia 0,32%, para US$ 1.755 a onça troy
Cripto
- o bitcoin devolvia os ganhos das últimas sessões e perdia 4,35%, para US$ 42,735 mil.
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-- Com informações da Bloomberg News