Mercado olha com lupa política de bancos centrais e dívida da Evergrande

Analistas buscam respostas sobre como será feito o equilíbrio entre controle inflacionário e estímulo; bolsas europeias e futuros em NY caem

Evergrande, dados macroeconômicos e pistas sobre política de bancos centrais centram a atenção dos operadores
24 de Setembro, 2021 | 06:59 AM

Barcelona, Espanha — Depois de uma sessão em alta, o mercado reduz sua exposição antes do fim de semana. Parte da cautela guarda relação com a crise financeira do grupo China Evergrande, que ontem não pagou os US$ 83,5 milhões devidos aos titulares de bônus denominados em dólar. Tanto as bolsas europeias como os futuros de ações em Nova York operavam no negativo.

O mercado também dirige o foco à reação dos bancos centrais mundiais ante a persistência da inflação. Basicamente, querem saber como será o equilíbrio entre o controle inflacionário e o estímulo econômico em um momento de incertezas com a variante delta do Covid-19.

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Os analistas se perguntam até quando o Banco Central Europeu (BCE) seguirá com seu programa de recompra de títulos para ajudar a turbinar a economia. Esta semana, o Federal Reserve (Fed) sinalizou que em novembro já deve iniciar a redução da compra de ativos, embora tenha deixado a porta aberta para estender o estímulo se a economia precisar.

Por outro lado, outras autoridades monetárias enunciaram uma atitude mais defensiva frente à alta dos preços.

  • O Banco Central da Noruega se converteu no primeiro dos bancos centrais a inaugurar uma subida dos juros.
  • Já a autoridade monetária do Reino Unido sinalizou que poderá elevar as taxas já em novembro caso a inflação supere os 4%, pressionada pelos preços de energia – ainda que seus membros não tenham entrado em um consenso sobre a necessidade de encerrar antecipadamente seu programa de recompra de ativos, para o fim deste ano.

Em tempo: domingo (26) ocorrem as eleições alemãs, cujos resultados desempenharão um papel importante tanto na política interna como na da União Europeia. O país estará sobre nova gestão após quatro mandatos da chanceler Angela Merkel. Com a representação proporcional, pode demorar semanas ou meses até que um novo governo seja formado. Enquanto isso, o governo existente se encarregará da gestão.

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Depois de três sessões consecutivas de alta, os mercados acionários na Europa se comportam desta maneira:

  • o Stoxx 600 Europe Index caía 0,68%, para 464 pontos às 11h50 CEST (6:50h no horário de Brasília)
  • o alemão DAX perdia 0,67%, para 15.538 pontos
  • em Paris, o CAC 40 recuava 0,79%, situando-se nos 6.648 pontos
  • o londrino FTSE 100 declinava 0,23%, aos 7.062 pontos
  • o IBEX 35 retrocedia 0,05%, para 8.872 pontos

Futuros de ações nos EUA

No radar dos traders que operam nos EUA, estão as vendas de novas casas em agosto e o encontro entre o presidente do Fed Jerome Powell, o governador Bowman e a vice-presidente Clarida, que discutem a recuperação pós-pandêmica.

  • o S&P 500 futuro baixava 0,27% às 11h50 CEST (6:50h no horário de Brasília), para os 4.426 pontos
  • os contratos indexados ao índice Dow Jones caíam 0,18%, somando 34.581 pontos
  • os contratos futuros indexados ao índice Nasdaq retrocediam 0,41%, para 15.241 pontos

Como fechou Wall Street

O S&P fechou com 1,21% de alta (4.448 pontos), enquanto o Dow Jones Industrial subiu 1,48% (34.764 pontos). Já o Nasdaq 100 encerrou o dia com 1,04% de valorização, voltando a superar os 15 mil pontos (15.052 pontos).

Mercados asiáticos

O índice de Xangai caiu 0,80%, para os 3.613 pontos. No Japão, Nikkei 225 voltou do feriado com 2,06% de valorização, aos 30.248 pontos. Nos mercados de Hong Kong, o Hang Seng terminou com baixa de 1,30%, situando-se nos 24.192 pontos.

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O China Evergrande Group ainda não deu sinais sobre o pagamento de US$ 83,5 milhões em juros de títulos denominados em dólar que venceram ontem.

  • As ações e títulos da Evergrande negociaram em baixa após uma alta de 17% na quinta-feira. Os papéis caíram 12% em Hong Kong, enquanto o China Evergrande New Energy Vehicle Group despencou 25%.
  • O título em dólar de 8,25% da Evergrande, com vencimento em 2022, caiu US$ 0,024, para a US$ 0,296, de acordo com os preços compilados pela Bloomberg.

O silêncio da Evergrande acendeu o alerta do que poderia acontecer durante os próximos 30 dias, o período de carência da empresa antes de que qualquer inadimplência possa ser declarada. A gigante imobiliária, cujos ativos também abrangem bancos e empresas de mídia, tem dívidas totais de US$ 300 bilhões e enfrenta a possibilidade de default no pagamento de títulos.

Leia mais: Unidade da Evergrande deixa de pagar equipe e fornecedores

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Confira o comportamento de outros mercados na manhã de hoje:

Petróleo

O petróleo volta a subir e já supera os US$ 73 por barril. Os estoques de petróleo bruto diminuíram da Europa aos EUA, mesmo com o aumento da oferta pela OPEP+. Espera-se um maior consumo de produtos petrolíferos pelo setor de geração de energia, em resposta ao incremento os preços do gás natural antes do inverno no hemisfério norte.

  • em Nova York, os contratos futuros de petróleo subiam 0,25% às 11h50 CEST (6:50h no horário de Brasília), para US$ 73,47 o barril.

Moedas

  • o euro caía 0,03%, para US$ 1,1736
  • o iene valorizava-se 0,06%, para US$ 110,39
  • a libra esterlina tinha 0,08% de depreciação, cotada a US$ 1,3708

Ouro

  • o ouro futuro subia 0,32%, para US$ 1.755 a onça troy

Cripto

  • o bitcoin devolvia os ganhos das últimas sessões e perdia 4,35%, para US$ 42,735 mil.

Leia mais: Por que o investidor de cripto precisa ficar de olho no caso Evergrande

-- Com informações da Bloomberg News


Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.