Brasília em Off: A carta na manga de Guedes

Ministro da Economia considera ter carta na manga para aprovar PEC dos Precatórios

Ministro da Economia precisa encontrar uma fonte de recursos para bancar eventuais subsídios que o governo queira conceder à população de baixa renda
Por Martha Beck
24 de Setembro, 2021 | 10:24 AM

Bloomberg — O ministro da Economia, Paulo Guedes, considera ter uma carta na manga para assegurar a aprovação da PEC dos precatórios no Congresso. Ele tem dito a interlocutores que o texto vai permitir resolver mais rapidamente a vida de governadores que têm valores de ações judiciais a receber. A PEC permite aos estados usar precatórios para abater dívidas com a União.

É bem verdade que, sem PEC, o governo federal terá que honrar todas as despesas de precatórios previstas para 2022. Mas aí o pagamento pode ser feito apenas no final do próximo ano -- o que não interessa a ninguém.

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Saída social

O Ministério da Economia já sabe que cairá em seu colo a missão de encontrar uma fonte de recursos para bancar eventuais subsídios que o governo queira conceder à população de baixa renda, como uma tarifa social para o gás de cozinha.

Integrantes da pasta têm ouvido que o governo precisa agir para minimizar o impacto da inflação em itens como gás e energia elétrica. Por isso avaliam que é preciso correr com a PEC dos precatórios e a reforma do IR, que abrem caminho para o Bolsa Família de R$ 300.

Sem um programa social reforçado, dizem, o Congresso vai agir por conta própria e acabar prorrogando o auxílio emergencial fora do teto de gastos.

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Combustíveis

Não há solução de curto prazo para a disparada nos preços dos combustíveis. Isso é o que a equipe econômica tem dito ao Planalto e ao Congresso, que pressionam a Petrobras a dar uma solução para o litro da gasolina a R$ 7.

Sempre que pode, Guedes lembra que um monopólio como o que existe no Brasil gera esse tipo de problema, e que é por essas e por outras que a estatal do petróleo deveria ser privatizada. O ministro lavou as mãos dos problemas da Petrobras depois que Roberto Castello Branco, uma indicação sua para o comando da estatal, foi substituído pelo general Joaquim Silva e Luna.

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O presidente da Câmara, Arthur Lira, no entanto, não pretende recuar da pressão para baixar os preços de combustíveis.

Autonomia BC

Focado na missão de agradar ao presidente Jair Bolsonaro e tornar-se vice na chapa pela reeleição, o presidente Caixa, Pedro Guimarães, não poupa nem a autonomia do Banco Central. Disse a Bolsonaro que a medida o deixou de mãos atadas, pois não pode demitir a diretoria e nem o presidente da instituição agora que a inflação está alta. Guimarães teve que ser lembrado de que a autonomia da autoridade monetária é boa exatamente por isso.

Choque deflacionário

A equipe econômica espera dar um choque deflacionário no país com uma das etapas da reforma tributária. A eliminação da maior parte das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), afirma um integrante da equipe, tem potencial de reduzir preços e ajudar no combate à inflação. Essa etapa pode ser feita por decreto, mas não será antecipada. O governo quer apoio do empresariado para aprovar a reforma do IR.

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