Presidente do Equador promete elevar impostos para ricos

Guillermo Lasso, em entrevista à Bloomberg: “Aqueles que têm mais, terão que pagar mais”

“O plano de vacinação funciona, a normalidade gradual sendo alcançada, a economia está se reativando"
Por Stephan Kueffner
23 de Setembro, 2021 | 01:05 PM

Bloomberg — Guillermo Lasso, o ex-banqueiro que conseguiu uma difícil vitória nas eleições presidenciais do Equador este ano, tem uma má notícia para seus amigos ricos no país: vão pagar a conta da pandemia.

Enquanto Lasso se prepara para apresentar um pacote de reforma econômica ao Congresso na sexta-feira (24), que inclui uma revisão das alíquotas de impostos, regras dos mercados de capitais e leis trabalhistas, está confiante de que sua alta taxa de aprovação, de 75%, será pouco atingida. Isso porque planeja apenas aumentar os impostos para indivíduos que ganham mais de US$ 25 mil por ano - ou cerca de 3,5% da população ativa - enquanto promove medidas para criar empregos.

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“Aqueles que têm mais, terão que pagar mais”, disse Lasso, de 65 anos, em entrevista na quarta-feira na sede da Bloomberg em Nova York, um dia depois de seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. “Esta reforma não atingirá o bolso da maioria.”

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Depois de enfrentar um disputado segundo turno contra um rival de esquerda, o índice de aprovação de Lasso disparou quando conseguiu lançar rapidamente uma campanha que elevou a taxa de imunização do país acima do ritmo dos Estados Unidos e da maioria dos pares regionais. Com quase 21 milhões de vacinas administradas a um custo de US$ 900 milhões, 57% da população de 17,5 milhões do Equador tem imunização completa.

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Embora um salário anual de US$ 25 mil não vá muito longe em vários países, é muito dinheiro no Equador, um país cujo desenvolvimento econômico foi prejudicado por uma crise de dívida soberana após a outra. O governo declarou default 11 vezes em sua história, incluindo em setembro de 2020, e 30% da população vive na pobreza.

Lasso insiste em que colocará o país em uma rota que lhe permita evitar um 12º default, ou seja, na esperança de que não chegue um “louco que depois mude tudo de novo”. Ele se comprometeu a buscar soluções de mercado para os problemas financeiros do país e disse que manterá os compromissos com os detentores de títulos e com o Fundo Monetário Internacional.

Até agora, Lasso conta com o voto de confiança dos credores. Os títulos em dólar do Equador oferecem retorno de cerca de 25% em 2021, o maior entre mercados emergentes, enquanto o conselho do FMI deve aprovar um desembolso de US$ 1,5 bilhão como parte de um acordo revisado com o país.

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Para contentar investidores e credores, claro, Lasso terá que controlar os gastos, aumentar as receitas e criar empregos para produzir mais bens em casa, exportar e atrair capital para energia e mineração. O país criou 195 mil empregos em agosto na comparação anual, disse.

“O plano de vacinação funciona, a normalidade gradual sendo alcançada, a economia está se reativando”, disse.

O déficit orçamentário, estimado em 4% do PIB este ano, deve diminuir para cerca de 2,5% em 2022, com a meta de entregar um superávit ao final do mandato de quatro anos. O crescimento, diz Lasso, deve superar 5% ao ano, acelerando em relação à estimativa atual de 3%.

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Um acordo de livre comércio com os EUA é prioridade, assim como um pacto com a China já em março, disse. Uma equipe técnica está na reta final das discussões com o México para um acordo, e o Equador pode entrar na chamada Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, Peru e México) já no primeiro trimestre de 2022, se tudo correr bem.

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