Bloomberg Línea — O presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, afirma que uma de suas prioridades já quase no final de seu mandato é fechar o acordo selado entre seu governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que permitirá ao país modificar parte significativa do perfil de sua dívida para promover iniciativas de investimento social.
Em entrevista à Bloomberg Línea, na Cidade do México, onde participou da Cúpula da Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe, Alvarado destacou que “uma parte importante e muito considerável (do crédito do FMI) será destinada à dívida, ou seja, trocar a dívida cara do mercado local por uma dívida externa mais barata e, assim, aliviar os compromissos do nosso orçamento”.
Ainda esta semana, uma delegação do FMI chegou ao país para acompanhar o acordo de financiamento, anunciado em janeiro deste ano. A missão incluirá reuniões com o governo federal e com membros do Poder Legislativo, além de diversas entidades públicas e privadas.
No que diz respeito ao governo, Alvarado destaca que o acordo deu certo e expressa seu otimismo quanto à aprovação, por parte do legislativo, do pacote de reformas fiscais e financeiras propostas pelo FMI. Essas medidas incluem taxar prêmios de loteria e residências de luxo, reduzir benefícios fiscais e reformas nos cargos públicos.
“Em janeiro, finalizamos o acordo, e já no auge deste ano, pouco menos de doze meses depois, já vimos a aprovação do acordo e de duas das peças fundamentais. Estamos confiantes, mas além disso, o governo apresentou um orçamento e teve um desempenho no investimento desse orçamento e nos seus gastos públicos que superou as expectativas do acordo.
Para Alvarado, o principal aporte do crédito será a redução do endividamento para liberar recursos para investimento social.
“Grande parte da parte do crédito vai dar suporte à previdência, uma parte importante principalmente devido à pandemia. Outros créditos dizem respeito ao acesso a financiamentos mais baratos para compras, por exemplo, de insumos médicos ou vacinas ou do próprio atendimento de emergência. Uma parte importante e muito considerável será destinada à dívida, ou seja, trocar a dívida cara do mercado local por uma dívida externa mais barata e, assim, aliviar os compromissos do nosso orçamento, o que no longo prazo gera um alívio para o cidadão, que ganha espaço para investimentos, como investimento social ou em desenvolvimento”, afirmou.
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Apesar de a Costa Rica estar imersa em um processo eleitoral que culmina nas eleições presidenciais em fevereiro de 2022, Alvarado acredita que os acordos serão concluídos a tempo de liberar recursos e deixar um legado de melhor ordem fiscal.
“O Poder Executivo também fez sua parte para garantir que o acordo continue firme”.
Líder sustentável
Apesar dos efeitos da pandemia, que causou uma queda de 4% no produto interno bruto do país (mais de um terço devido ao impacto no setor do turismo, principal item da receita), Alvarado menciona que a agenda de sustentabilidade da Costa Rica não vai parar, principalmente a meta do país de descarbonizar completamente a economia até 2050.
“A pandemia não fez com que diminuíssemos o ritmo do que estamos fazendo em questões ambientais; pelo contrário, a pandemia é um alerta de que não podemos baixar a guarda nesse âmbito e que todos temos de fazer nossa parte”, disse.
Cannabis e outras ervas
Alvarado reconhece que embora não tenha sido parte de sua campanha, respeitará as decisões do Congresso sobre a eventual legalização da cannabis “para fins medicinais e alguns fins recreativos”.
“Na Costa Rica, o debate sobre a cannabis está em andamento, muitos congressistas estão pressionando pela legalização (...) embora eu tenha prometido muitas coisas em minha campanha e me comprometido a fazer o que disse em meu programa de governo, a cannabis não era um deles e não foi uma promessa do meu programa. No entanto, dito isso, também disse que respeitarei a decisão que o Congresso tomar sobre o uso da cannabis e os termos de cultivo.
Em alguns países da região, a questão já alcançou caráter legal na esfera federal, como Uruguai e México, embora com algumas nuances. Da mesma forma, Alvarado menciona que outro tema em voga, como as criptomoedas, também será um debate a ser travado pelas instituições do país.
“Embora tenhamos que continuar estudando questões como blockchain e criptomoedas, seria muito cedo para prever o que vem por aí, principalmente de nossos bancos centrais e nossa economia em relação a isso. Temos de passar por uma etapa de conhecimento e especificação do assunto”, disse.
Alvarado encerrará seu mandato em 2022, com apenas 42 anos. O que vem por aí para ele? Depois de um “descanso saudável”, afirma que continuará apoiando a Costa Rica nas causas que considera justas.
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