São Paulo — A queda nos casos de Covid-19 no Brasil e o avanço da vacinação trouxe esperança para um dos setores mais prejudicados pela pandemia. Diversos festivais de música vêm anunciando datas tanto para 2022 quanto até mesmo para o final deste ano. Apesar do retorno desses eventos já ser uma realidade em outros países, sua viabilidade e segurança ainda geram dúvidas em algumas pessoas.
Considerado o maior festival de música do mundo, o Rock In Rio iniciou a venda do Rock in Rio Card, ingresso antecipado que garante a entrada no evento antes da confirmação das atrações.
O evento acontecerá no Rio de Janeiro entre os dias 2 e 11 de setembro de 2022, ou seja, daqui a quase um ano. Além do Rock in Rio, o Lollapalooza Brasil e o Nômade Festival também já divulgaram datas para 2022.
Como estará o cenário
Apesar das incertezas postas pela dinâmica da pandemia, o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, diz que não é precipitado começar a organizar a retomada desse tipo de atividade agora. “A questão é observar a persistência da tendência atual [de queda nos casos]. Se a tendência persistir, dá pra fazer alguns eventos ainda neste ano”, disse.
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Já José Cássio de Moraes, professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, diz que “tudo vai depender da evolução da pandemia e da cobertura vacinal”. “A tendência atual, apesar de um patamar alto, está em declínio”, completa.
Nas últimas semanas, o número de casos e óbitos de Covid-19 vêm mostrado queda consistente e significativa. Entretanto, a inserção de casos passados não computados fez com que os gráficos mostrassem um novo aumento na semana passada.
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Os números de vacinação seguem avançando. Segundo dados da Bloomberg, o Brasil vem aplicando em média 3.893.058 de doses da vacina contra a Covid-19. O total de doses administradas é de 223.469.326. De acordo com a plataforma Our World in Data, 68,39% da população já recebeu pelo menos uma dose da vacina, enquanto 37,62% já está completamente vacinada.
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Sobre a perspectiva para os próximos meses, os epidemiologistas pontuam que o andamento da pandemia está sujeito a uma série de fatores que dificultam qualquer previsão. Tudo irá depender do “cabo de guerra” entre a variante delta e a vacinação no país, diz Hallal. “Se a vacinação seguir ganhando o cabo de guerra, a tendência é que a situação melhore muito”, pontua.
A variante Delta se tornou predominante em países como os Estados Unidos, principalmente entre pessoas não vacinadas. Ultimamente, o país vem registrando uma média de mais de 100 mil casos por dia, além de mais de 2.000 mortes. No Brasil, ela vem encontrando dificuldade de avanço tanto pelo avanço da vacinação quanto pela prevalência de outra variante também bastante transmissível, a Gama.
“Não sabemos se vai surgir uma nova variante e qual vai ser a resposta frente a vacina”, alerta Moraes. Segundo ele, as medidas de controle em qualquer evento que venha a ser realizado devem ser compatíveis com a situação epidemiológica do momento.
Atualmente, nos EUA, eventos musicais de grande porte estão exigindo do público teste PCR negativo feito nas últimas 72 horas ou comprovante de vacinação completa.
Apesar do Rock in Rio não ter comentado sobre os protocolos que pretende adotar, acredita-se que que as medidas adotadas serão similares. Em algumas cidades do Brasil, autoridades locais já estão começando a exigir a apresentação da carteira de vacinação em restaurantes, por exemplo.
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