O que é a Super-Quarta e como ela afeta os mercados brasileiros

Federal Reserve e Banco Central do Brasil divulgam as respectivas taxas de juros, com efeitos para os ativos locais

Presidente do Federal Reserve fala após divulgação da decisão de juros
22 de Setembro, 2021 | 08:05 AM

Bloomberg Línea — O Federal Reserve, banco central americano, e o Banco Central do Brasil anunciam as respectivas decisões de taxas de juros nesta quarta-feira (21) - eventos que, por coincidirem no mesmo dia eventualmente, ficaram conhecidos por formar a Super-Quarta do mercado financeiro brasileiro.

Esta será a terceira Super-Quarta do ano e, desta vez, tem uma expectativa extra por provavelmente trazer o anúncio por parte do Fed de quando se iniciará o tapering - ou a redução dos estímulos implementados durante a pandemia.

Na última reunião, o banco central americano avisou que poderia começar a retirada mais cedo do que o esperado, ou seja, antes de 2023. Agora, os investidores esperam a data mais exata, que pode mexer com o apetite por investimentos considerados de maior risco, como os de países emergentes, por representar uma enxugada da liquidez disponível no mercado para a compra de ativos.

“É esperado que nesse comunicado eles digam quando vão começar a redução e qual será o formato dela. É um caminho natural para que o mercado faça a digestão disso e para que mercados ao redor do mundo, como o brasileiro, não sejam pegos de surpresa”, disse Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, em entrevista à Bloomberg Línea.

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Ela alerta que o tudo o que for decidido hoje à tarde pelos Estados Unidos será fortemente sentido pelos mercados brasileiros, já que a estratégia do banco central americano sobre o aumento da inflação global e a recuperação do mercado de trabalho local tem impacto direto no apetite por risco no mundo.

Veja mais: Copom deve elevar Selic para 6,25% e reconhecer piora da inflação

Expectativas para o Copom

Já no Brasil, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC eleve, mais uma vez, a taxa básica de juros Selic em um ponto percentual, levando-a a 6,25% ao ano.

O consenso de mercado voltou a esse patamar após comentários na última semana do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, de que o comitê deve seguir o recado da última comunicação - que adiantava uma alta na mesma proporção na reunião desta quarta.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity, aposta que o BC irá preservar a comunicação e repetir a estratégia de antecipar uma possível alta de 1% para a reunião de novembro.

Para ele, a autoridade está diante de uma situação muito específica, em que precisa ser clara para não quebrar as expectativas do mercado, ao mesmo tempo em que opera uma política monetária que controle a inflação, mas sem comprometer a retomada da economia.

“O desenho para as projeções de inflação em relação ao choque de oferta está se baseando numa fotografia do presente, mas não há como saber quando isso irá se dissipar. BC precisa ter cuidado com o overshooting de juros para não ferir a economia.”

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Capital

Já Argenta, da CM Capital, também diz que a decisão do BC de hoje deve trazer uma comunicação clara sobre os próximos passos, principalmente dada a natureza da inflação que afeta o Brasil, que vem majoritariamente de efeitos externos.

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“Nunca fizemos um aperto monetário tão forte e tão rápido quanto esse. Dados todos os questionamentos sobre a evolução da pandemia, sobre os eventos na China, entre outros, o BC nesse momento pode preferir pela falta do que pelo excesso”

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital

Para ela, a autoridade deve chegar ao final do ano com uma taxa de 8% e de 9,5% em 2022.

O Fed revela a decisão a partir das 15h30, horário de Brasília, enquanto o BC faz o anúncio a partir das 18h30.

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.