Miami — A Kavak anunciou hoje que levantou US$ 700 milhões na série E de investimento e passou a ter um valuation de US$ 8,7 bilhões, tornando-se a startup de capital fechado mais valiosa da América Latina depois do Nubank. A empresa mais que dobrou seu valuation desde abril, quando anunciou uma série D de US$ 400 milhões, que avaliou a companhia em US$ 4 bilhões. Não faz nem um ano desde que a empresa alcançou seu status de unicórnio em outubro de 2020.
A Kavak, fundada em 2016 no México, é um marketplace on-line que visa trazer transparência, segurança e acesso a financiamento ao mercado de carros usados. A empresa também oferece seu próprio financiamento por meio de seu ramo de fintech, Kavak Capital, e conta com mais de 5 mil funcionários – há um ano, a empresa tinha 300 – no México, Brasil e Argentina.
Atualmente, somos maiores no Brasil do que éramos no México no nosso terceiro ano de existência.
Carlos García Ottati, CEO e cofundador da Kavak.
Em abril, a empresa havia feito um lançamento discreto de seu produto no Brasil, mas, “atualmente, somos maiores no Brasil do que éramos no México no nosso terceiro ano de existência”, disse Carlos García Ottati, CEO e cofundador da Kavak. “A maior parte do nosso crescimento ocorreu nos últimos 18 meses”, acrescentou. Só no Brasil a empresa conta com mais de 700 funcionários.
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A Kavak cresceu na velocidade da luz parcialmente porque o mercado de carros usados na América Latina é informal e conta com uma alta taxa de fraudes – 40% – tornando-se um terreno fértil para uma empresa que compra carros usados, os reforma, oferece financiamento e, portanto, permite que as pessoas comprem um carro usado de melhor qualidade do que se comprassem um carro novo pelo mesmo preço.
Ottati disse que a empresa ainda não é lucrativa, e, embora não tenha divulgado números específicos de sua receita, também afirmou que as receitas das operações no Brasil estão crescendo mais de 40% mês a mês.
A empresa planeja usar o dinheiro levantado para ampliar suas operações em mais cidades no México e no Brasil, expandir-se ainda mais na América Latina e para fora da região.
“Queremos cruzar o Atlântico”, afirmou Ottati, que não citou países específicos. “O que realmente estamos tentando avaliar é se podemos ou não agregar valor ao mercado e que nova área podemos desenvolver e trazer de volta aos nossos negócios principais no México e no Brasil”, acrescentou.
Ao avaliar um novo país para sua expansão, Ottati disse observar os seguintes fatores:
- A informalidade do mercado – qual é a intensidade da exposição a fraudes?
- Quais são as condições financeiras do mercado?
- Vamos resolver um problema de mobilidade nesse local?
- O uso de celulares é intenso? (A Kavak, que funciona em um aplicativo e na web, está migrando todas as suas operações para o aplicativo).
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A Bloomberg Línea perguntou a Ottati por que ele realizou duas rodadas de investimento consecutivas; ele respondeu que, na época da última rodada, o produto ainda não havia sido lançado totalmente no Brasil, e não havia como eles preverem um crescimento tão rápido. Embora pareça que Ottati levantou a Série E quase da noite para o dia, ele explicou que normalmente faz uma longa abordagem do levantamento de fundos e vem cultivando relacionamentos há meses, até anos.
“Quando alguém se torna um investidor, é apenas uma validação do trabalho visto. É como um casamento; estamos namorando há muito tempo e então [nós] apenas assinamos os documentos”, disse. “Não estou procurando investidores, estou procurando sócios”, acrescentou, tendo dito anteriormente que o acesso ao capital não tem sido um desafio para a empresa.
A rodada foi liderada pela General Catalyst, com a participação da Tiger Global, Founders Fund, Softbank, Ribbit, Spruce House, D1, SEA e outras.
“A Kavak se estabeleceu como líder absoluta no mercado de carros usados da América Latina. A empresa desenvolveu um manual para prestar uma experiência de transformação ao cliente com um modelo econômico atrativo e eficiente”, disse Adam Valkin, diretor gerente da General Catalyst.
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