Crise da Evergrande desafia mercados emergentes ansiosos por Fed

Movimento de aversão ao risco é intensificado por um possível default da incorporadora chinesa

Indicador de moedas de países em desenvolvimento MSCI mostra queda de 1,7% em relação à máxima de junho
Por Netty Idayu Ismail e Colleen Goko-Petzer
22 de Setembro, 2021 | 09:26 AM

Bloomberg — A crise de dívida da China Evergrande aumenta o pessimismo entre investidores de mercados emergentes em uma semana já repleta de riscos em um campo minado.

Fidelity International e Nordea Investment preveem mais perdas para moedas de países em desenvolvimento, com a perspectiva de que a crise financeira da gigante imobiliária exponha falhas no motor de crescimento da China. O Citigroup agora prefere apostas compradas em dólar na Polônia, Hungria, África do Sul e Turquia, enquanto o Morgan Stanley mantém uma visão baixista sobre dívidas em dólares em meio à turbulência.

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A instabilidade chega em um momento frágil para investidores de países em desenvolvimento, que se preparam para a redução do estímulo pelo Federal Reserve em meio a sinais de desaceleração da retomada global após o impacto da pandemia. Qualquer movimento de aversão ao risco seria intensificado por um possível default da Evergrande, enviando ondas de choque ao sistema financeiro.

Esta combinação de fatores negativos “não é um coquetel saudável para o risco de mercados emergentes”, disse Paul Greer, gestor em Londres da Fidelity International, cujo fundo de dívida de países em desenvolvimento superou 95% dos pares neste ano. “Esperamos que mercados emergentes permaneçam em desvantagem até o final do trimestre pelo menos.”

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A Fidelity International tem reduzido a exposição às moedas de países em desenvolvimento, disse Greer, acrescentando que os spreads sobre a maior parte da dívida em dólares de mercados emergentes não são suficientes para compensar os riscos.

Por enquanto, os mercados acionários foram os mais atingidos, com queda acumulada de quase 4% neste mês em comparação com baixa de 0,4% da dívida em dólares de emissores de mercados emergentes. O indicador de moedas de países em desenvolvimento MSCI mostra queda de 1,7% em relação à máxima de junho.

“Tudo empalidece em comparação com a saga da Evergrande no momento”, disse Witold Bahrke, estrategista macro sênior em Copenhague na Nordea Investment. “Duvidamos que o Fed esteja disposto a fornecer uma cura para o mal-estar dos mercados causado pela Evergrande no curto prazo.”

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Moedas atreladas a commodities, como os pesos colombiano e chileno, além do real, são as mais vulneráveis, afirmou.

Mas nem tudo é negativo. A Nigéria levantou US$ 4 bilhões com a emissão de títulos na terça-feira depois de receber ofertas quatro vezes acima da meta inicial de US$ 3 bilhões, enquanto o Egito planeja emitir até US$ 3 bilhões em dívidas este mês.

Para alguns, a onda vendedora desta semana oferece uma oportunidade de comprar ações baratas. Estrategistas do JPMorgan Chase liderados por Marko Kolanovic recomendaram a clientes uma “alocação pró-risco” no portfólio de modelo de mercado emergente voltado “para setores cíclicos focados na reabertura e reflação”.

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Ainda assim, o número de ações no índice MSCI Emerging Markets com sinal de venda, com base no padrão de convergência-divergência da média móvel, subiu para o maior nível desde janeiro.

“É difícil imaginar o desastre da Evergrande sendo resolvido no curto prazo”, disse Greer, da Fidelity International. “Ao mesmo tempo, a ação incremental do Fed em direção à redução da flexibilização quantitativa, embora esperada, ainda fornecerá outro vento contrário para o mercado navegar.”

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