COP26: Veja os principais pontos a serem debatidos na cúpula

Na sexta-feira, os EUA e a União Europeia lançaram o Pacto Global do Metano que visa uma redução voluntária de 30% até o final da década, em relação aos níveis de 2020

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Bloomberg — Faltam menos de 40 dias para o início da importante Cúpula do Clima das Nações Unidas, a COP26. Há cinco tópicos altamente relevantes na agenda e havia uma impressão de que nenhum deles tinha avançado significativamente, até a semana passada.

Aqui estão as principais questões que os delegados devem desenvolver se quiserem fazer valer os objetivos do Acordo de Paris:

  1. A cada cinco anos, os países devem apresentar planos revisados para reduzir as emissões, que idealmente estariam alinhados com o que os cientistas dizem ser necessário. Muitos ainda não apresentaram seus novos compromissos, e alguns grandes poluidores não aumentaram suas ambições verdes.
  2. Os países precisam chegar a um acordo sobre as regras para os mercados de carbono, que serão regidos pela ONU. Essas negociações não produziram resultado na última cúpula em Madrid, em 2019, e espera-se que seja um tema complicado também em Glasgow neste ano.
  3. Os países desenvolvidos ainda precisam entregar os US$ 100 bilhões anuais em financiamento climático que prometeram levantar para auxiliar os países em desenvolvimento. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que há poucas chances deste aporte de fato se concretizar, embora John Kerry, o enviado especial dos EUA para assuntos climáticos, esteja mais otimista.
  4. O presidente da COP26, Alok Sharma, quer “relegar o carvão ao passado”, obtendo um acordo dos governos para interromper a construção de novas infraestruturas para o combustível fóssil mais poluente. Tem sido extremamente difícil convencer os maiores produtores, como a Austrália e a Rússia, e grandes consumidores, como a China e a Índia.
  5. O último relatório científico do IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, intensificou a urgência na corrida para diminuir as emissões de metano, o segundo gás que mais contribui para o aquecimento global depois do dióxido de carbono. Até então, não havia nenhum compromisso global para fazê-lo.

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Na última sexta-feira (17), os EUA e a União Europeia lançaram o Global Methane Pledge (Pacto Global do Metano) que visa uma redução voluntária de 30% até o final da década, em relação aos níveis de 2020. Vários países declararam a intenção de aderir ao pacto, que será lançado oficialmente em Glasgow. A Casa Branca diz que até agora seis dos 15 maiores poluidores do mundo, cobrindo cerca de um quinto das emissões globais de metano, aderiram. A lista inclui Argentina, Gana, Indonésia, Iraque, Itália, México e Reino Unido.

“O primeiro tiro já foi dado”, disse Sarah Smith, diretora de programa da Clean Air Task Force (Força-Tarefa para Ar Limpo), uma organização sem fins lucrativos que defende a redução do metano. “Estamos otimistas pela adesão de muitos outros países antes da COP26.”

Não é pouca coisa. O metano é um gás superaquecedor que retém até 80 vezes o calor do dióxido de carbono nas primeiras duas décadas. Mas isso também significa que a redução das emissões de metano pode proporcionar a vitória climática mais rápida, e dar ao mundo espaço para respirar, para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.

Os Estados Unidos e a União Europeia estimam que se todos os países diminuírem as emissões de metano de acordo com sua promessa ao longo da próxima década, o aquecimento poderá ser reduzido em pelo menos 0,2 graus Celsius até 2050. Isso é uma redução considerável, dado que o planeta já aqueceu 1,1° C e a meta é tentar manter o aquecimento de longo prazo abaixo de 1,5 °C. O pacto cobre todas as principais fontes de metano: petróleo e gás, carvão, agricultura e gestão de resíduos.

Há quem argumente que a promessa não vai longe o suficiente. Os cortes mais rápidos de metano poderiam ser feitos no setor de petróleo e gás, disse Cat Abreu, fundadora de um novo grupo chamado Destination Zero. Para ela, a Beyond Oil and Gas Alliance, anunciada no mês passado pela Dinamarca e a Costa Rica, é uma solução mais palpável. Os países se comprometeram a eliminar gradualmente a extração de petróleo e gás até 2050 e estão convocando outros países a fazer o mesmo.

Essa colcha de retalhos de alianças visando um setor específico ou apenas um dos gases de efeito estufa está muito longe da abordagem sistemática e globalmente coordenada necessária para uma transição verde ordenada. No entanto, a diplomacia climática é complexa, diz Abreu, e esses acordos voluntários paralelos, com metas estreitas, provavelmente serão a forma como iremos montar o quebra-cabeça da descarbonização.

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