Europa e EUA voltam às compras após sell-off com Evergrande

Operadores aproveitam as barganhas e alguns já relativizam reação do mercado ao futuro da incorpora chinesa

Investidores voltam a puxar ações e índices para cima e têm olhos postos na reunião do Fed
21 de Setembro, 2021 | 07:09 AM

Barcelona, Espanha — Depois de vivenciar um dos piores dias do ano, com queda expressiva nas bolsas ao redor do globo, o mercado volta às compras para aproveitar as barganhas. Na Europa, os índices acionários operam com alta, enquanto os futuros de ações em Nova York seguem os mesmos passos.

Ainda que estejam no azul, a tensão entre os operadores não se dissipou totalmente. O temor de que um calote da chinesa Evergrande contagie outros mercados ainda existe, embora alguns operadores avaliem que a reação de ontem talvez tenha sido exagerada, uma vez que todos já conheciam a situação de crédito da incorporadora. A S&P Global Ratings destacou em relatório que a Evergrande, cujas dívidas rondam os US$ 300 bilhões, estaria à beira da inadimplência.

A avaliação de alguns analistas é de que as especulações em torno da Evergrande foram o catalisador necessário para que o mercado corrigisse preços sobrevalorizados. “A queda reflete um conjunto de riscos mais amplo do que o do setor imobiliário chinês e vem após o maior questionamento sobre se as avaliações atuais ainda poderiam ser justificadas”, segundo economistas do Deutsche Bank em relatório.

Além disso, amanhã o Federal Reserve (Fed) anuncia suas próximas investidas na política monetária dos Estados Unidos. Também há reuniões do Banco do Japão (quarta-feira) e do Banco da Inglaterra (quinta-feira) e a expectativa geral é de que ambos mantenham sua política monetária inalterada.

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Depois da tempestade, um pouco de sossego

O mercado europeu retornava às compras depois do intenso nervosismo de ontem. As incertezas em torno do colapso do gigante imobiliário chinês foram os catalisadores da queda de ontem, porém o mercado também repercutiu os dados de inflação da Alemanha.

  • O índice de preços de produção de agosto disparou 12% na comparação anual, frente ao 10,4% do mês anterior e aos 11,1% estimados pelos analistas.
  • Analistas do BBVA, em relatório, observam que nem sequer na década de 80 houve aumento de preços de produção tão altos na Alemanha.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou esta manhã a atualização de suas previsões macroeconômicas mundiais. Segundo a OCDE, a recuperação econômica global continua forte, ajudada pelo apoio do governo e dos bancos centrais e pelo progresso na vacinação. Entretanto, embora o PIB global esteja agora acima de seu nível pré-pandêmico, a recuperação continua desigual e os países que emergem da crise enfrentam desafios diferentes.

  • A expectativa da OCDE é de que o PIB global avance 5,7% este ano e 4,6% em 2022.

Quanto às perspectivas de inflação, embora tenham crescido consideravelmente nos Estados Unidos e em algumas economias de mercado emergentes, permanecem relativamente baixos em muitas outras economias avançadas, especialmente na Europa.

  • “Espera-se que estas pressões inflacionárias desapareçam com o tempo. Uma vez resolvidos os gargalos, o aumento dos preços dos bens duráveis provavelmente continuará a ser uma fonte de pressões inflacionárias ao longo do tempo”, diz a OCDE no seu relatório.

Às 7h no horário de Brasília, os mercados acionários na Europa se comportavam desta maneira:

  • o Stoxx 600 Europe Index subia 1,02%, para 458 pontos
  • o alemão DAX ganhava 1,41%, para 15.343 pontos
  • em Paris, o CAC 40 avançava 1,30%, situando-se nos 6. 405 pontos
  • o londrino FTSE 100 aumentava 1,03%, aos 6.975 pontos
  • o IBEX 35 subia 0,97%, para 8.740 pontos

Futuros de ações nos EUA

A expectativa com relação à reunião do Fed continua forte. O mercado americano saberá amanhã se o banco central norte-americano diminui logo - e em que proporção - os estímulos à economia, expressos pela recompra mensal de títulos no mercado. O mercado também aguarda os dados de construções iniciais e licenças de construção em agosto, previstos para hoje.

  • o S&P 500 futuro subia 0,90% às 12h CEST (7h no horário de Brasília), para os 4.387 pontos
  • os contratos indexados ao índice Dow Jones ganhavam 0,99%, somando 34.175 pontos
  • os contratos futuros indexados ao índice Nasdaq avançavam 0,82%, para 15.132 pontos

Como fechou Wall Street

O dia foi dramático nos mercados financeiros. O S&P caiu 1,70%, para 4.357 pontos. O Nasdaq 100 cedeu 2,19% (14.713 pontos). Já o Dow Jones Industrial perdeu 1,78%, alcançando os 33.970 pontos.

Ver mais: Mercados ampliam perdas na Ásia, mas futuros indicam recuperação em NY

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Mercados asiáticos

A China Evergrande Group deslizou mais profundamente nos mercados de capital e crédito na terça-feira, alimentando preocupações sobre um contágio mais amplo após a S&P Global Ratings dizer que a empresa está à beira da inadimplência. As ações da construtora em Hong Kong caíram até 7% depois de fechar na segunda-feira no nível mais baixo em cerca de uma década.

Ver mais: Pânico com Evergrande chega bem a tempo para grandes bancos

  • O índice Hang Seng, de Hong Kong, recuperou parte da forte perda de ontem e para terminar com 0,51% de alta e 24.221 pontos.
  • O mercado acionário de Xangai está fechado por feriado. Já o índice japonês Nikkei 225 voltou do feriado de ontem com perdas de 2,17%, para 29.839 pontos.

Confira o comportamento de outros mercados na manhã de hoje:

Petróleo

O petróleo subiu depois de um declínio de mais de 3% nas duas últimas sessões, queda justificada pelo ainda existente impacto do Furacão Ida sobre a produção de petróleo bruto nos EUA. A Royal Dutch Shell Plc disse que a produção de dois de seus maiores campos do Golfo do México não será retomada até o próximo ano devido aos danos causados pelo Ida. O mercado também está focado em uma crise global de energia, particularmente para o gás natural, que pode aumentar a demanda de petróleo bruto.

  • em Nova York, os contratos futuros de petróleo subiam 1,45% às 12h CEST (7h no horário de Brasília), para US$ 71,31 o barril.

Moedas

  • o euro subia 0,04%, para US$ 1,1733
  • o iene valorizava-se 0,15%, para US$ 109,57
  • a libra esterlina tinha 0,22% de alta, cotada a US$ 1,3688

Ouro

  • ouro futuro ganhava 0,15%, para US$ 1.766 a onça troy

Cripto

O mercado bitcoin cai pelo terceiro dia, com os investidores tentando minimizar sua exposição a riscos.

  • o bitcoin perdia 0,59%, para US$ 43,233.

-- Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.