São Paulo — Um ano após a polêmica com o primeiro programa de trainee exclusivo para negros, o Magazine Luiza decidiu repetir a empreitada, dessa vez com salários de R$ 6,8 mil. O objetivo, segundo a varejista, é dar continuidade ao projeto de diversidade racial nos cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo Brasil, no início da vida profissional.
Segundo o Magalu, o programa de trainees deste ano aceitará candidatos formados entre dezembro de 2018 e dezembro de 2021, em qualquer curso superior.
“Fluência em língua inglesa e experiência profissional anterior não fazem parte dos pré-requisitos para a seleção. A idade e instituição de ensino dos candidatos não são critérios avaliados pelos recrutadores. Pessoas de todo o país podem participar, desde que tenham disponibilidade para se mudar para São Paulo, onde fica a sede da companhia. O selecionado de fora da cidade receberá auxílio mudança”, informou a empresa em comunicado.
No ano passado, o programa teve 22 mil candidatos e apenas 19 trainees foram selecionados. O processo seletivo é dividido em seis etapas. “Primeiro, os inscritos fazem testes online. Em seguida, gravam um vídeo de apresentação profissional e são entrevistados por profissionais de gestão de pessoas. Aqueles que seguirem no processo são entrevistados por diretores de área e, depois, pela diretoria-executiva. Os finalistas participarão de uma conversa com Frederico Trajano, CEO da empresa”, informou a empresa.
Em agosto, a presidente do conselho do Magalu, à Bloomberg Línea que houve muitas reações adversas na internet quando a companhia anunciou o primeiro programa.
“Tivemos 72h de paulada no Twitter. Eu já sabia que para mudar paradigmas, você leva”, disse a empresária em entrevista. “Logo em seguida, Frederico escreveu ‘eu estou mudando a minha empresa, eu sou particular, eu não vou abrir mão. Não estou mudando o Brasil, estou mudando a minha empresa’. Educadamente, ele mandou uma carta ao mercado, mas com outras palavras. Sabíamos juridicamente que estávamos protegidos. Depois disso deu uma invertida tão grande. As pessoas começaram a elogiar tanto.”
Eu falei para eles que esse programa tinha que ser perfeito. Falei para os selecionados ‘nós não podemos não dar certo, nem vocês. Não importa que seja aqui, mas abrimos uma nova porta no Brasil.’ Isso tudo foi graças ao George Floyd. Nós já tínhamos o programa contra racismo, mas o que fez mudar isso no mundo foram aqueles 8 minutos de enforcamento numa pandemia, tenho que devolver sempre a ele.
Luiza Trajano
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