Evergrande segue em queda com receio de ‘efeito Lehman Brothers’

Incorporadora chinesa corre risco de dar calote em principais credores e ameaça efeito cascata na China

Evergrande, classificada com grau especulativo, ou junk, é a maior emissora de títulos de alto rendimento na Ásia
Por Kevin Kingsbury e Dexter Low
21 de Setembro, 2021 | 08:20 AM

Bloomberg — As perdas da chinesa Evergrande foram ampliadas nos mercados de ações e de crédito nesta terça-feira (21) em meio ao temor de um contágio mais amplo da situação da empresa, depois que a S&P Global Ratings disse que a incorporadora está à beira de um default.

As ações chegaram a cair 7% em Hong Kong, mas fecharam em baixa de 0,4%, ainda perto do menor fechamento em 10 anos. O título em dólar de 8,25% da empresa com vencimento em 2022 caiu 0,3 centavos para 24,9 centavos, marcando uma queda de 75% desde o fim de maio. A Evergrande, classificada com grau especulativo, ou junk, é a maior emissora de títulos de alto rendimento na Ásia.

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“Acreditamos que Pequim apenas se sentiria obrigado a intervir se houvesse um contágio de longo alcance que causasse o colapso de várias grandes incorporadoras e representasse riscos sistêmicos para a economia”, segundo  relatório da S&P de 20 de setembro. “A Evergrande colapsando sozinha dificilmente resultaria em tal cenário.”

Ainda assim, os problemas podem afetar ainda mais a confiança de investidores no setor imobiliário da China e nos mercados de crédito com classificação junk de forma mais ampla, disse a agência. O contágio da Evergrande provocou uma onda vendedora nos mercados globais.

Veja mais: Caso Evergrande derruba ações com pouquíssima ligação com a China

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Na Ásia, mesmo títulos em dólar com grau de investimento registraram perdas na terça-feira. A sessão voltou a ser de baixa no mercado acionário, embora alguns segmentos, incluindo ações do setor imobiliário em Hong Kong, tenham se recuperado após a queda na segunda-feira.

O presidente do conselho da Evergrande, Hui Ka Yan, disse à equipe acreditar que a empresa pode superar a crise em breve, segundo informações do Securities Times, que citou uma carta da empresa. A incorporadora vai acelerar a retomada total das obras para garantir a entrega dos edifícios, disse. Um porta-voz da Evergrande confirmou a autenticidade da carta.

“Momento Lehman”

Para o Citigroup, o governo de Pequim vai entrar em ação para evitar que a crise da Evergrande se torne um “Momento Lehman” no país, mas alguns bancos podem ser atingidos, escreveram analistas como Judy Zhang em relatório.

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Ajay Rajadhyaksha, chefe de pesquisa macro do Barclays, e Jian Chang, economista-chefe para a China no banco, também disseram em nota que um possível default da Evergrande estaria longe de representar um “Momento Lehman” da China, mesmo que pudesse ser um obstáculo para o setor imobiliário. “Não acreditamos que o modelo de negócios das empresas imobiliárias chinesas esteja totalmente quebrado”, escreveram.

O economista-chefe da Oxford Economics, Tommy Wu, e Louis Kuijs, chefe de economia para Ásia, destacaram em relatório que “embora acreditemos que o governo não queira ser visto como um mecanismo de resgate, esperamos que intervenha na condução de uma reestruturação administrada da dívida da empresa para evitar esforços desordenados de recuperação de dívidas, reduzir o risco sistêmico e limitar a disrupção econômica”.

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