Países ricos não atingirão meta para o clima até 2025

Estudo da Oxfam também trouxe preocupações sobre a forma como o financiamento será enviado a países em desenvolvimento, que pode levar os países a mais endividamento

Meta de US$100 bilhões por ano deveria ter sido atingida em 2020, mas estima-se que nem até 2025 ela será factível
Por John Ainger
20 de Setembro, 2021 | 05:00 PM

Bloomberg — As promessas de países desenvolvidos para o financiamento anual de US$100 bilhões, feitas há uma década e consideradas fundamentais para as futuras negociações climáticas, provavelmente não serão atendidas nem cinco anos depois da data final, segundo um novo relatório.

Isso não apenas ameaça o sucesso das negociações climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) em algumas semanas, mas também o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C, incluso no Acordo de Paris, afirmou a Oxfam International em um estudo.

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Países ricos devem cumprir sua promessa feita há 12 anos e investir onde é necessário”, disse Nafkote Dabi, líder global de políticas climáticas da Oxfam. “Claramente é uma questão de vontade política”.

Dados da OCDE divulgados na semana passada constatam que o ritmo de aumento do financiamento desacelerou ainda mais em 2019, crescendo apenas 2% e chegando a US$ 79,6 bilhões a partir de 2018. Os dados não estavam disponíveis para 2020, quando a taxa anual de US$ 100 bilhões deveria ser alcançada, mas o dano econômico causado pela pandemia significa que essa meta provavelmente não foi cumprida.

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Os países em desenvolvimento dizem que o financiamento é fundamental para que estes possam fazer maiores cortes nas emissões. Embora o enviado dos EUA responsável pelo clima, John Kerry, tenha viajado o mundo nas últimas semanas, incluindo para a China e Índia, buscando angariar apoio suficiente para fazer da COP26 – que começa em 31 de outubro – um sucesso, a crise financeira pode acabar sendo um obstáculo.

A Oxfam também trouxe preocupações sobre a forma como o financiamento será enviado a países em desenvolvimento. Mais de dois terços serão enviados na forma de empréstimos, o que pode levar os países a mais endividamento.

Os EUA são amplamente vistos como o país com o maior déficit de financiamento, em parte porque o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o poluidor mais rico do mundo do Acordo de Paris. A Oxfam disse que França, Austrália e Japão não conseguiram aumentar seu financiamento para países mais pobres.

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