Opinión - Bloomberg

Usuários da Amazon e do Google deveriam se revoltar contra anúncios

Principais plataformas de tecnologia priorizam a publicidade lucrativa em vez das necessidades de seus clientes

Google buscador de información
Tempo de leitura: 3 minutos

Bloomberg Opinion — Não é nenhum segredo que a experiência do usuário tem se deteriorado em muitos dos principais produtos das maiores empresas de tecnologia.

A culpa é do avanço constante e inexorável da publicidade. Cada vez mais empresas estão permitindo que os anúncios se infiltrem em todas as facetas de seus serviços. É fácil compreender que, com o imenso tamanho das gigantes de tecnologia, cada passo em direção a mais anúncios pode gerar o tipo de lucro que é quase nenhuma companhia aberta recusaria. O resultado é um setor que escolheu os lucros em vez das necessidades de seus clientes, que não devem aceitar isso.

Considere, por exemplo, os resultados de pesquisa patrocinados pela Amazon.com Inc. Em uma entrevista à Forbes no ano passado, Ryan Cohen, cofundador da Chewy Inc. e atual presidente da GameStop Inc., criticou a evolução do site da gigante de e-commerce. A “enxurrada de mercadorias de terceiros e anúncios patrocinados [estão] afastando os resultados orgânicos das pesquisas”, disse. Antigamente, a pesquisa mostrava os produtos mais vendidos, acrescentou, “agora a pesquisa padrão consiste, na verdade, em anúncios patrocinados”.

Cohen tem razão. Quando procuro por um videogame popular como “Call of Duty” na Amazon, meus resultados são intercalados com anúncios absurdos de diferentes itens e brinquedos, inclusive no topo.

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Infelizmente, é tudo intencional. Em seu livro Amazon Unbound, meu colega da Bloomberg News, Brad Stone, explicou como o próprio Jeff Bezos aprovou a mudança para colocar os anúncios pagos no topo dos resultados de pesquisa há cinco anos. Isso significava que Bezos não se importava em trocar o princípio da empresa de “obsessão pelo cliente” pela receita proveniente de anúncios.

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A Amazon não é a única. As pesquisas na web do Google, da Alphabet Inc. passam por um problema semelhante no qual requer que os usuários percorram uma página inteira de anúncios antes de chegar aos resultados orgânicos. E olhar o feed do Instagram, do Facebook Inc. está cada vez mais tedioso quando uma a cada quatro publicações é uma propaganda. A App Store, da Apple Inc., não é muito melhor, pois chega a exibir um anúncio do concorrente do aplicativo que você está buscando.

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Alguns acreditam que as que as plataformas principais se tornaram tão onipresentes que as pessoas não têm opção a não ser rolar pelas páginas de publicidade. A Amazon representa quase metade das vendas on-line nos EUA, enquanto os produtos do Facebook dominam o espaço das redes sociais pessoais. E o Google pode até ter a posição mais importante, considerando sua enorme participação nas buscas globais.

Por isso recomendo o uso de alternativas, caso existam. Se um número suficiente de pessoas estiverem dispostas a dar uma chance aos novatos, o setor pode sentir uma pressão competitiva para reconsiderar a abordagem.

A mudança pode valer a pena. Seguindo os passos do CEO da Twitter Inc. Jack Dorsey, tornei o DuckDuckGo o mecanismo de pesquisa padrão para meus navegadores este mês. Até agora, não vi diferença na qualidade dos resultados das pesquisas. E embora existam alguns anúncios, eles são menos intrusivos e volumosos. Além disso, usar o DuckDuckGo tem benefícios adicionais de privacidade – a empresa diz que não rastreia o histórico de pesquisa nem coleta dados pessoais. Estou feliz com a troca.

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Obviamente, as gigantes da tecnologia argumentarão que os anúncios costumam ser relevantes e úteis. Mas isso só se você já quiser comprar calças de moletom Vuori ou usar apenas Allbirds. É claro que a deferência ao lucro líquido é o que realmente está motivando as ações das empresas em relação à publicidade. Infelizmente, o aumento dos anúncios continuará – até que um dia, talvez, os consumidores finalmente se revoltem.

Pessoalmente, já cheguei ao limite e tenho certeza de que não estou sozinho.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

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Tae Kim é colunista da Bloomberg Opinion e abrange a área de tecnologia. Ele costumava falar sobre tecnologia na Barron’s após fazer carreira como analista de patrimônio.

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