Trader sênior brasileiro deixa Morgan Stanley após investigação

Thiago Melzer teria comunicado sobre transações “usando uma plataforma de comunicação não aprovada pela empresa”, de acordo com relatório da reguladora americana

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Bloomberg — Thiago Melzer, um ex-trader sênior do Morgan Stanley, deixou o cargo em meio a alegações feitas pelo banco sobre sua conduta.

Melzer, que entre outras atribuições supervisionava a negociação de derivativos cambiais conhecidos como opções de câmbio, foi “dispensado” em junho, de acordo com comunicado feito pelo Morgan Stanley à autoridade reguladora do setor financeiro nos Estados Unidos, a Finra. O comunicado cita alegações sobre a conduta de Melzer na valorização de certos ativos e no uso de meios de comunicação não aprovados pela empresa.

O banco havia iniciado uma investigação interna sobre suspeitas de irregularidades na unidade da qual Melzer fazia parte no final de 2019, informou a Bloomberg na época.

Melzer foi citado por sua conduta em “fornecer orientação a outros para marcação de posições em ‘non-securities’ em relação às metas de lucros e perdas”, de acordo com o relatório da Finra. Ele também teria comunicado sobre as transações “usando uma plataforma de comunicação não aprovada pela empresa”, disse o relatório.

Mark Lake, porta-voz do Morgan Stanley em Nova York, não comentou. Melzer também não comentou. Ele negou qualquer envolvimento na marcação inadequada de operações, disseram pessoas a par do assunto.

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Gestora Brasileira

Melzer agora é parte de um grupo que está criando uma nova gestora de ativos em São Paulo, a Upon Global Capital, na qual ele será diretor de investimentos, de acordo com o site da Upon. A gestora terá um multimercado macro local que buscará ganhar com apostas globais, disseram as pessoas.

“A Upon Global Capital nasceu com uma vasta experiência no uso de opções e derivativos em mercados desenvolvidos e emergentes”, de acordo com o site da empresa.

Dois ex-colegas de Melzer juntaram-se a ele na Upon. Senad Prusac, que foi chefe global de macro trading do Morgan Stanley até 2019, vai liderar a “plataforma offshore” da empresa, de acordo com o site. Antonio Moura Andrade, que liderou os negócios de opções de câmbio da América Latina do banco antes de deixar o Morgan Stanley em 2020, será um gestor de portfólio, mostra o site.

Ao longo de mais de uma década, Melzer se tornou um dos traders mais experientes da divisão de renda fixa do Morgan Stanley, supervisionando negócios vinculados a moedas e a mercados emergentes. Ele ajudou o banco a avançar em opções de câmbio, derivativos que fazem parte de um mercado global que movimenta US$ 6,6 trilhões por dia.

Em 2019, uma série de transações vinculadas à lira turca deram errado, causando perdas milionárias e levando a uma investigação interna sobre a marcação dos derivativos, segundo pessoas familiarizadas com o assunto à época.

As operações também teriam trazido problemas a um obscuro fundo de hedge em Hong Kong e perdas milionárias para o Citigroup. O status da revisão - e suas conclusões - não são claras.

Na sequência, o Morgan Stanley instalou novos líderes em sua unidade de negociação de moedas, incluindo novos co-diretores de opções de câmbio, e o negócio ajudou a impulsionar um aumento de 59% na receita de negociação de renda fixa em 2020. Mas o episódio ajuda a explicar por que o CEO James Gorman tem se concentrado em operações com receitas mais estáveis, gastando cerca de US$ 20 bilhões na compra da administradora de ativos Eaton Vance Corp. e da corretora de varejo E *Trade Financial Corp.

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